O Mistério da Estrada de Sintra - Cap. 12: CAPÍTULO III Pág. 68 / 245

O indubitável porém é que o desaparecimento já constatado da soma que o assassinado trazia consigo não pode adunar-se dentro desta casa com a probidade e com a honra.

Depois disto é quase escusado dizer-te qual é a determinação que vou tomar. O meu vizinho prussiano é um homem um tanto fantástico, mas parece-me sincero e honrado. Vou fechar esta carta, subscrita-la e pedir-lhe que a lance no correio. Acharei facilmente meio de a passar para o quarto dele. Se conseguir arrombar completamente, sem que me pressintam, o tapamento que serve de fundo ao armário, passarei eu em vez de expedir a carta. No caso contrario, apenas se abrir aquela porta, precipito-me sobre a pessoa ou pessoas que me embargarem o passo, e abrirei o meu caminho como todo o homem de bem que na sua consciência delibera passar por cima de meia dúzia de miseráveis.

Se te achas aqui, encarcerado como eu, por Deus juro-te que nos veremos amanhã. Se estás solto, se receberes esta carta, e vinte e quatro horas depois não souberes de mim, escreve a Frederico Friedlan, posta restante, Lisboa. Ele te procurará no lugar que indicares e te dirá onde estou. - Adeus. - F

* * * * *

Nota. - Juntamente com a carta publicada achavam-se as seguintes folhas de papel escritas pela mesma letra das cartas do médico, anteriormente publicadas nesta folha:

F… não apareceu. No mesmo dia, dois dias e três dias depois de haver recebido a extensa carta que ele me dirigiu e de que enviei logo a primeira parte, depois as seguintes, a essa redação, procurei por todos os meios ter notícias dele. Foram inúteis todos os esforços que empreguei. Escrevi a Frederico Friedlan. Não houve resposta. Mandei ao correio e soube que ainda ali se achava a carta que lhe dirigi e na qual lhe aprazava uma entrevista.





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