O conde subiu neste momento. Outras senhoras vieram, os grupos formavam-se, começavam as leituras, as obras de costura, o jogo do boi…
Eu aproximei-me de D. Nicazio e disse-lhe sem lhe dar mais importância:
- Então esta sua senhora dá-lhe desgostos?
- É sempre aquilo com o capitão. Foi desde a tal caçada ao tigre… Quer que lhe conte?…
- Diga lá.
Sentei-me na tenda onde se fuma, acendi um charuto, cruzei as pernas, recostei a cabeça e, embalado pelo lento mover do navio, cerrei os olhos.
- Um dia em Calcutá, começou o espanhol, dia de grande calor…
Mas não, senhor redator. Eu quero que esta história a saiba do próprio capitão. aí tem a tradução fiel de uma das mais vivas páginas de um dos seus álbuns de impressões de viagem.
* * * * *
…«Sabes, escrevia ele a um amigo, que o sonho de todo o negociante que chega à India é caçar o tigre.
D. Nicazio Puebla quis caçar o tigre. A sua mulher Carmen decidiu acompanha-lo. Essa, sim, que tinha a coragem, a violência, a necessidade de perigos de um velho explorador Hundodo! Eu estimava aquela família.
Combinámos uma caçada com alguns oficiais meus amigos, então em Calcutá. A duas léguas da cidade sabiam os exploradores que fora visto um tigre. Tinha mesmo saltado, havia duas noites, uma paliçada de bambus, na propriedade de um doutor inglês, antigo colono, e tinha devorado a filha de um malaio. Dizia-se que era um tigre enorme, e formosamente listrado.
Partimos de madrugada, a cavalo. Um elefante, com um palanquim, levava Carmen. Um boi conduzia água em bilhas encanastradas de vime. Iam alguns oficiais de artilheria, cipaios, três malaios e um velho caçador experimentado, antigo brahmane, degenerado e devasso, que vivia em Calcutá das esmolas dos nababos e dos oficiais ingleses.