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Capítulo 16: CAPÍTULO IV

Página 96
Era destemido, meio louco, cantava estranhas melodias do Indostão, adorava o Ganges, e dormia sempre em cima de uma palmeira.

Nós levávamos espingardas excelentes, punhais recurvados, espadas de dois gumes, curtas, à maneira dos gládios romanos, e o terrível tridente de ferro que é a melhor arma para a luta com o tigre. Ia uma matilha de cães, forte e dextra, da confiança dos malaios.

Ás 11 horas do dia penetrávamos em plena floresta. O tigre devia ser encontrado numa clareira conhecida. Íamos calados, vergando ao peso implacável do sol, entre palmeiras, tamarindos, espessuras profundas, num ar sufocado, cheio de aromas acres. Toda aquela natureza estava entorpecida pela calma: os pássaros, silenciosos, tinham um vôo pesado; as suas penas coloridas, vermelhas, negras, roxas, doiradas, resplandeciam, sobre o verde negro da folhagem. O céu mostrava uma cor de cobre ardente; os cavalos marchavam com o pescoço pendente; os cães arquejavam; o boi que levava a água mugia lamentavelmente; só o elefante caminhava na sua pompa impassível, em quanto os malaios para esquecer a fadiga, diziam, com a voz monótona e lenta, cantigas de Bombaim.

Estávamos ainda distantes do tigre: nem os cavalos tinham rinchado, nem o elefante soltara o seu grito melancólico e doce. Todavia achávamo-nos próximo da clareira.

Eu cheguei ao palanquim de Carmen e bati nas cortinas. Carmen entreabriu-as: estava pálida da fadiga do sol e do prazer do perigo; os olhos reluziam-lhe extraordinariamente. Ansiava pela luta, pelos tiros, pelo encontro da fera. Pediu-me uma cigarrete e um pouco de cognac e água…

Eu desde que a conhecia tinha muitas vezes olhado Carmen com insistência, e tinha visto sempre o seu olhar negro e acariciador envolver-me respondendo ao meu.

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pág. 96 (Capítulo 16)

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Capa do livro O Mistério da Estrada de Sintra
Páginas: 245
Página atual: 96

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
CARTA AO EDITOR, 1
PRIMEIRA PARTE - EXPOSIÇÃO DO DOUTOR
CAPÍTULO I
5
CAPÍTULO II 10
CAPÍTULO III 14
CAPÍTULO IV 18
CAPÍTULO V 25
CAPÍTULO VI 30
CAPÍTULO VII 37
SEGUNDA PARTE - INTERVENÇÃO DE Z.
CAPÍTULO I
44
TERCEIRA PARTE - DE F… AO MÉDICO
CAPÍTULO I
50
CAPÍTULO II 56
CAPÍTULO III 60
QUARTA PARTE - NARRATIVA DO MASCARADO ALTO
CAPÍTULO I
79
CAPÍTULO II 85
CAPÍTULO III 91
CAPÍTULO IV 94
CAPÍTULO V 102
CAPÍTULO VI 108
CAPÍTULO VII 113
CAPÍTULO VIII 118
CAPÍTULO IX 123
CAPÍTULO X 125
CAPÍTULO XI 130
CAPÍTULO XII 134
CAPÍTULO XIII 138
CAPÍTULO XIV 143
CAPÍTULO XV 149
QUINTA PARTE - AS REVELAÇÕES DE A. M. C.
CAPÍTULO I
154
CAPÍTULO II 163
CAPÍTULO III 165
CAPÍTULO IV 170
CAPÍTULO V 182
CAPÍTULO VI 187
SEXTA PARTE - A CONFISSÃO DELA
CAPÍTULO I
190
CAPÍTULO II 195
CAPÍTULO III 197
CAPÍTULO IV 204
CAPÍTULO V 208
CAPÍTULO VI 213
CAPÍTULO VII 217
CAPÍTULO VIII 221
CAPÍTULO IX 226
CAPÍTULO X 231
SÉTIMA PARTE - CONCLUEM AS REVELAÇÕES DE A. M. C.
CAPÍTULO I
236
CAPÍTULO II 240