Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 16: CAPÍTULO IV

Página 97

Tinha-lhe algumas vezes dado flores, e uma noite que num terraço em Calcutá, olhávamos as poderosas constelações da India, o céu pulverizado de luz, ela tinha um momento esquecido as suas mãos entre as minhas. A sua beleza perturbava-me como um vinho muito forte. E ali, naquela floresta, sob

um céu afogueado, entre os aromas das magnólias, Carmen aparecia-me com uma beleza prestigiosa, cheia de tentações, a que se não foge.

- Ah Carmen, disse eu, quem sabe os que voltarão a Calcutá!

- Está rindo, capitão…

- Na caçada do tigre pôde-se pensar nisto: o tigre é astuto; tem o instinto do inimigo mais bravo e do que é mais lamentado.

- Ninguém hoje seria mais lamentado que o capitão.

- Só hoje?

- Sempre, e bem sabe por quê.

De repente o meu cavalo estacou.

- O tigre! o tigre! gritaram os malaios.

Os cavalos da frente recuaram; os cipaios entraram nas fileiras da caravana. Os cães latiam, os malaios soltavam gritos guturais, e o elefante estendia a tromba, silencioso. De repente, houve como uma pausa solene e triste, e um vento muito quente passou nas folhagens.

Estávamos em frente de uma clareira coberta de um sol faiscante. Do outro lado havia um bosque de tamarindos: era ali decerto que a fera dormia. Voltei-me para D. Nicazio: vi-o pálido e inquieto.

- D. Nicazio! dê o primeiro tiro, o sinal de alarme!

D. Nicazio picou rapidamente o cavalo para mim, murmurou com uma voz sufocada:

- Quero subir para o elefante. Carmen não deve estar só; pode haver perigo…

Falei aos malaios, que desdobraram a estreita escada de bambu, por onde se sobe ao dorso dos elefantes. O Carnak dormia encruzado no vasto pescoço do animal. D. Nicazio subiu com avidez, arremeçou-se para dentro do palanquim, e de lá, pela fenda das cortinas, espreitava com o olho faiscante e medroso.

<< Página Anterior

pág. 97 (Capítulo 16)

Página Seguinte >>

Capa do livro O Mistério da Estrada de Sintra
Páginas: 245
Página atual: 97

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
CARTA AO EDITOR, 1
PRIMEIRA PARTE - EXPOSIÇÃO DO DOUTOR
CAPÍTULO I
5
CAPÍTULO II 10
CAPÍTULO III 14
CAPÍTULO IV 18
CAPÍTULO V 25
CAPÍTULO VI 30
CAPÍTULO VII 37
SEGUNDA PARTE - INTERVENÇÃO DE Z.
CAPÍTULO I
44
TERCEIRA PARTE - DE F… AO MÉDICO
CAPÍTULO I
50
CAPÍTULO II 56
CAPÍTULO III 60
QUARTA PARTE - NARRATIVA DO MASCARADO ALTO
CAPÍTULO I
79
CAPÍTULO II 85
CAPÍTULO III 91
CAPÍTULO IV 94
CAPÍTULO V 102
CAPÍTULO VI 108
CAPÍTULO VII 113
CAPÍTULO VIII 118
CAPÍTULO IX 123
CAPÍTULO X 125
CAPÍTULO XI 130
CAPÍTULO XII 134
CAPÍTULO XIII 138
CAPÍTULO XIV 143
CAPÍTULO XV 149
QUINTA PARTE - AS REVELAÇÕES DE A. M. C.
CAPÍTULO I
154
CAPÍTULO II 163
CAPÍTULO III 165
CAPÍTULO IV 170
CAPÍTULO V 182
CAPÍTULO VI 187
SEXTA PARTE - A CONFISSÃO DELA
CAPÍTULO I
190
CAPÍTULO II 195
CAPÍTULO III 197
CAPÍTULO IV 204
CAPÍTULO V 208
CAPÍTULO VI 213
CAPÍTULO VII 217
CAPÍTULO VIII 221
CAPÍTULO IX 226
CAPÍTULO X 231
SÉTIMA PARTE - CONCLUEM AS REVELAÇÕES DE A. M. C.
CAPÍTULO I
236
CAPÍTULO II 240