Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 16: CAPÍTULO IV

Página 98

Mas estão foi Carmen que não quis ficar dentro do palanquim, pediu, gritou, queria montar a cavalo, sentir o cheiro à fera.

- Tirem-me daqui, tirem-me daqui! Não fiz esta jornada toda para ficar dentro de uma gaiola…

Não havia sela em que mulher montasse, nem cavalo bastante fiel; não se podia consentir que Carmen descesse. Mas eu tive uma ideia estranha, perigosa, tentadora, imprevista: era pô-la à garupa do meu cavalo. Disse-lho.

Ela teve um gesto de alegria, quase se deixou escorregar, agarrando-se às cordas do palanquim, pelo ventre do elefante; correu, pôs o pé no meu estribo, enlaçou-me a cintura, e com um lindo pulo, sentou-se à garupa. Os oficiais exclamavam que era uma imprudência. Ela queria, instava e apertava-

me contra a curva do seu peito, rindo, jurando que nem as garras do tigre a arrancariam dali…

Os malaios preparavam os tridentes, dispunham a matilha. Eu, como levava Carmen à garupa, tinha-me colocado atrás do grupo, cerrado, com os pés firmes nos estribos, atento, os olhos fitos na espessura dos tamarindos.

Mas nem se ouviam rugidos, nem um estremecimento de folhagem.

Carmen apertava-me exaltada.

- Vá! Vá! pediu-me ela baixo. O tigre, o tigre! Dê o sinal.

Ergui um revolver e disparei. O eco foi cheio e poderoso. E logo ouviu-se um rugido surdo, lúgubre, rouco, que era a resposta do tigre. Estava perto, entre os primeiros tamarindos. A matilha rompeu a ladrar…

- Que ninguém se alargue! disse o velho brahmane, que tinha trepado a uma palmeira, e de lá olhava, farejava, ordenava!

Todos conservavam a espada ou tridente inclinado em riste, esperando o salto do tigre. Eu dera uma cuchila a Carmen, tinha na mão da rédea um forte revolver e na outra um punhal curvo…

De repente os arbustos estremeceram, as altas ervas curvaram-se, sentiu-se um bafo quente, um cheiro de sangue, e o tigre veio cair, com um rugido, diante dos caçadores, no meio da clareira, estacado, e imóvel.

<< Página Anterior

pág. 98 (Capítulo 16)

Página Seguinte >>

Capa do livro O Mistério da Estrada de Sintra
Páginas: 245
Página atual: 98

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
CARTA AO EDITOR, 1
PRIMEIRA PARTE - EXPOSIÇÃO DO DOUTOR
CAPÍTULO I
5
CAPÍTULO II 10
CAPÍTULO III 14
CAPÍTULO IV 18
CAPÍTULO V 25
CAPÍTULO VI 30
CAPÍTULO VII 37
SEGUNDA PARTE - INTERVENÇÃO DE Z.
CAPÍTULO I
44
TERCEIRA PARTE - DE F… AO MÉDICO
CAPÍTULO I
50
CAPÍTULO II 56
CAPÍTULO III 60
QUARTA PARTE - NARRATIVA DO MASCARADO ALTO
CAPÍTULO I
79
CAPÍTULO II 85
CAPÍTULO III 91
CAPÍTULO IV 94
CAPÍTULO V 102
CAPÍTULO VI 108
CAPÍTULO VII 113
CAPÍTULO VIII 118
CAPÍTULO IX 123
CAPÍTULO X 125
CAPÍTULO XI 130
CAPÍTULO XII 134
CAPÍTULO XIII 138
CAPÍTULO XIV 143
CAPÍTULO XV 149
QUINTA PARTE - AS REVELAÇÕES DE A. M. C.
CAPÍTULO I
154
CAPÍTULO II 163
CAPÍTULO III 165
CAPÍTULO IV 170
CAPÍTULO V 182
CAPÍTULO VI 187
SEXTA PARTE - A CONFISSÃO DELA
CAPÍTULO I
190
CAPÍTULO II 195
CAPÍTULO III 197
CAPÍTULO IV 204
CAPÍTULO V 208
CAPÍTULO VI 213
CAPÍTULO VII 217
CAPÍTULO VIII 221
CAPÍTULO IX 226
CAPÍTULO X 231
SÉTIMA PARTE - CONCLUEM AS REVELAÇÕES DE A. M. C.
CAPÍTULO I
236
CAPÍTULO II 240