Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 2: Capítulo 2

Página 12

No entanto, era reconfortante saber que não podia existir nada de estranho relativo a uma coisa tão angelical quanto a imagem radiante da minha pequena pupila, cuja beleza por certo contribuía de forma decisiva para a inquietação que, antes mesmo do nascer do dia, de mim se apoderou e me fez levantar varias vezes e percorrer o quarto para apreender de uma vez por todas o cenário que me era dado contemplar. Acabei por dirigir-me para a janela, que se encontrava aberta, e d ú observar o amanhecer de mais um dia de Verão. Examinei todos os ângulos daquela casa adormecida que o meu olhar conseguia abarcar e, à luz pálida da aurora, escutei o canto das primeiras aves, ao mesmo tempo que tentava descobrir a proveniência, e talvez aguardar a repetição, de um ou dois sons pouco naturais, os quais, pelo menos assim me pareceu, haviam partido do interior da casa, não do exterior. Houve mesmo um momento em que julguei ter distinguido, ténue e distante, um grito de criança, ao passo que, numa outra altura, quase poderia jurar que o ruído abafado de passas ecoava pelo corredor. Porém, estas fantasias não chegaram a adquirir qualquer substancia e acabei por esquecê-las. Se hoje as recordo, tal fica a dever-se a todo o que veio a suceder depois. Cuidar, educar, roer lares a pequena Flora: eis os condimentos para uma vida diz e feliz. Havia ficado combinado entre mim e Mrs. Grose que, na noite seguinte, eu mesma me ocuparia da criança, dai que a sua pequena cama branca se encontrasse já num dos cantos do quarto por mim ocupado. O cargo que aceitara implicava ocupar-me de Flora a tempo inteiro, e o facto de a garota ainda ter dormido junto a Mrs. Grose ficara a dever-se à minha inevitável falta de à-vontade e à timidez natural da minha pupila. No entanto, e apesar desta timidez (que a própria criança, de um modo deveras estranho, assumira com valentia e naturalidade, consentindo que a mesma fosse discutida na sua presença sem se perturbar, mas revelando a serenidade e a doçura de um anjo pintado por Rafael) eu estava convencida de que ela acabaria por gostar de mim.

<< Página Anterior

pág. 12 (Capítulo 2)

Página Seguinte >>

Capa do livro Calafrio
Páginas: 164
Página atual: 12

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 10
Capítulo 3 16
Capítulo 4 24
Capítulo 5 31
Capítulo 6 38
Capítulo 7 45
Capítulo 8 54
Capítulo 9 61
Capítulo 10 68
Capítulo 11 74
Capítulo 12 80
Capítulo 13 85
Capítulo 14 90
Capítulo 15 96
Capítulo 16 102
Capítulo 17 106
Capítulo 18 111
Capítulo 19 118
Capítulo 20 123
Capítulo 21 128
Capítulo 22 134
Capítulo 23 145
Capítulo 24 150
Capítulo 25 156