— Porém, antes que ela tivesse tempo de responder, passei ao ataque.— Tenho uma ideia melhor. De facto, cheguei mesmo a pensar que nada teria a perder se abandonasse Bly, e no domingo estive prestes a fazê-lo. Mas sei agora que não é esta a solução ideal. A senhora é que tem de levar Flora consigo.
— Mas para onde é que...? — especulou a minha colega.
— Para bem longe daqui. Leve-a para longe deus. E, acima de tudo, para longe de mim. Leve-a para casa do tio. — Só para lhe contar que...?
— Não, não é «só» isso! Também para me deixar com o meu remédio. Ela continuava sem perceber.
— E que remédio é esse?
—Antes do mais, a sua lealdade. E depois, Miles.
A mulher lançou-me um olhar duro. — Acha que ele. . . ?
— Não vai virar-se contra mim? Trata-se de uma hipótese que não posso descartar. Ainda assim, estou interessada em experimentar a sorte. Leve Flora daqui quanto antes e deixe-me a sós com ele. — Estava espantada com a coragem que conseguia sentir e também pelo facto de, indiferente ao meu exemplo, Mrs. Grose se mostrar hesitante. — Não podemos esquecer-nos de uma coisa — prossegui. — Antes de partir, é fundamental que os dois irmãos não se vejam, nem que seja por três segundos. — Só então me lembrei que, embora Flora tivesse ficado quase sequestrada desde o regresso do lago, talvez já fosse demasiado tarde. — Não vai dizer-me que eles já se encontraram, pois não? — inquiri, visivelmente inquieta.
