— Não acha que lhe fará bem ir até lá? — Não lhes fará bem a eles! — E, com a cabeça, apontei para a casa.
— As crianças?
— Não posso deixá-las sozinhos agora. — Está com medo que...?
Respondi bruscamente:
— Estou com medo dele!
O rosto largo de Mrs. Grose exibiu pela primeira vez aquele brilho que indica uma consciência mais desperta. Sem saber porquê, vislumbrei nele o aparecimento de uma ideia que não fora eu a sugerir e que era ainda obscura para mim. Recordo-me de concluir tratar-se de algo que podia ser partilhado comigo, e pensei que devia existir uma relação directa entre a ideia em causa e a súbito vontade por ela demonstrada de saber mais pormenores.
— Quando foi que o viu... quero dizer, na torre?
— Por volta do meio do mês. Sensivelmente por esta hora.
— Ou seja, quase de noite—concluiu Mrs. Grose.
— Oh, não, de maneira nenhuma! Vi-o tao bem como estou a vê-la a si! — Nesse caso, como é que ele entrou?
— E como é que saiu? — disse eu, soltando uma gargalhada. — Bom, a verdade é que não tive tempo para lhe perguntar! Esta tarde — prossegui —, ele não conseguiu entrar.
— E está sã à espreita?
— Espero bem que não passe disso! — Mrs. Grose já não segurava a minha mão, tendo-se até afastado um pouco. Esperei durante alguns instantes, depois do que sugeri: — Pronto, Mrs. Grose, vá à igreja. Até já! Eu tenho de ficar de guarda.