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Capítulo 7: Capítulo 7

Página 52

Nunca sendo inoportunos, também não se mostravam indiferentes ou apáticos. E, de facto, aquilo que mais má divertia era vê-los brincar como se eu não existisse — tratava-se de um espectáculo que parecia encenado de propósito no intuito de me fazer participar na qualidade de admiradora activa. Caminhava num mundo inventado por eles, ao passo que aqueles dois nunca penetravam no meu espaço Assim, era como se as minhas funções se limitassem a ser as próprias dá uma pessoa ou de um objecto destinado a adornar este ou aquele jogo, estou aquela brincadeira, e o certo é que o facto me deixava profundamente orgulhosa. Não me recordo de quem eu era nessa ocasião, só me lembro que era algo importante e silencioso, e que Flora se dedicava inteiramente ao jogo. Estávamos junto à margem do lago, e, visto termos começado há pouco a estudar Geografia, o lago passou a ser o mar de Azof.

De súbito, no meio de todos estes elementos, apercebi-me da existência de um espectador interessado na margem oposto do mar de Azof. A forma corno tomei consciência disso só pode ser considerada estranha, sobretudo devido à rapidez com que tudo aconteceu. Tinha-me sentado a costurar — e fizera-o porque, no jogo de Flora, eu era algo que se podia sentar — no velho banco de pedra, mesmo em frente ao lago. Foi aí que, na posição em que me encontrava, e sem necessitar de ver a figura em causa, me apercebi da existência de um terceiro elemento. Sem dúvida que as velhas árvores e os arbustos densos projectavam uma sombra agradável, mas, devido ao calor, era como se a luz impedisse as coisas de perderem os seus contornos precisos. Não havia ali qualquer traço de ambiguidade, muito menos no que se referia à convicção por mim sentida de que, caso levantasse os olhos, veria algo de muito concreto na margem aposta. Naquele momento, fitava com atenção o trabalho que tinha entre mãos, e é como se ainda pudesse sentir o corpo percorrido pelos espasmos resultantes do esforço por mim realizado no sentido de não levantar a cabeça até me considerar suficientemente calma e com capacidade de decidir o que fazer. Havia ali um elemento estranho — uma figura cujo direito a encontrar-se em semelhante lugar de imediato questionei.

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pág. 52 (Capítulo 7)

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Capa do livro Calafrio
Páginas: 164
Página atual: 52

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 10
Capítulo 3 16
Capítulo 4 24
Capítulo 5 31
Capítulo 6 38
Capítulo 7 45
Capítulo 8 54
Capítulo 9 61
Capítulo 10 68
Capítulo 11 74
Capítulo 12 80
Capítulo 13 85
Capítulo 14 90
Capítulo 15 96
Capítulo 16 102
Capítulo 17 106
Capítulo 18 111
Capítulo 19 118
Capítulo 20 123
Capítulo 21 128
Capítulo 22 134
Capítulo 23 145
Capítulo 24 150
Capítulo 25 156