Vinte Mil Léguas Submarinas - Cap. 27: Capítulo 27 Pág. 128 / 258

O senhor tem o direito de se sentir orgulhoso do seu compatriota. É um homem que honra a sua pátria. Começou, como tantos outros, por ter contrariedades e ouvir recusas, mas acabou por triunfar porque tem gênio e vontade. Honra portanto a Lesseps!

- Sim, honra seja feita a esse grande cidadão - falei, surpreendido com o entusiasmo do capitão.

- Infelizmente não posso conduzi-lo através do Canal de Suez, mas poderá ver Port Said depois de amanhã, quando entrarmos no Mediterrâneo.

- No Mediterrâneo! - exclamei.

- Sim, professor. Isso o surpreende?

- O que me surpreende é estarmos lá depois de amanhã, embora já esteja me acostumando a não me surpreender com coisa alguma desde que estou a bordo do “Nautilus”.

- Então, qual é a surpresa?

- É a velocidade fantástica que o senhor terá de imprimir ao seu barco para chegarmos ao Mediterrâneo em apenas dois dias. Terá que contornar a Africa e dobrar o Cabo da Boa Esperança!

- E quem lhe disse que faremos a volta à África? Quem lhe falou em dobrarmos o Cabo da Boa Esperança?

- A não ser que o “Nautilus” navegue em terra firme e passe por cima do istmo...

- Ou por baixo, Sr. Aronnax.

- Por baixo?

- Sem dúvida - respondeu-me tranquilamente o capitão. - Há muito tempo que a natureza fez sob esta língua de terra o que os homens fazem agora por cima. Existe uma passagem subterrânea à qual dei o nome de Túnel Árabe. Começa por baixo de Suez e acaba no Golfo de Pelusa.

- E foi por acaso que descobriu essa passagem? - perguntei, cada vez mais surpreendido.

- Foi o acaso e também o raciocínio, professor. Diria até que foi mais o raciocínio do que o acaso.





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