Vinte Mil Léguas Submarinas - Cap. 27: Capítulo 27 Pág. 127 / 258

- Já que me falou da passagem dos israelitas e da catástrofe sofrida pelos egípcios, gostaria de saber se encontrou sob as águas algum vestígio desse grande acontecimento histórico.

- Não, e por um bom motivo.

- Qual?

- É que o local exato onde Moisés passou com o seu povo está hoje completamente atulhado de areia, de tal forma que os camelos o atravessam sem quase molhar as patas. O “Nautilus” não poderia lá chegar.

- E o local exato... ? - perguntei.

- Fica situado um pouco acima de Suez, no braço que outrora formava um profundo estuário, quando o Mar Vermelho se estendia até os lagos salgados. Se a passagem foi milagrosa ou não, não posso afirmar, mas que os israelitas lá passaram para chegar à Terra Prometida e que os egípcios lá pereceram não tenho dúvidas. Penso que escavações feitas no local revelariam grande quantidade de armas de origem egípcia.

- Temos de esperar que os arqueólogos façam essas escavações. Isso acontecerá mais cedo ou mais tarde, quando se estabelecerem cidades novas na região, depois de aberto o Canal de Suez. Aliás, lembro-me de dizer que esse canal será completamente inútil para um barco como o seu, capitão.

- Será útil ao mundo inteiro, professor. Os povos antigos já tinham compreendido que seria útil para os seus negócios estabelecer uma comunicação entre o Mar Vermelho e o Mediterrâneo, mas nunca imaginaram cavar um canal direto entre os dois mares e escolheram o Nilo como ligação intermediária. O precário canal que ligava o Nilo ao Mar Vermelho acabou-se antes do ano mil da nossa era.

- O que os povos antigos não ousaram empreender, a junção entre os dois mares, que encurtará em nove mil quilômetros o caminho de Cádis à índia, foi feito por Lesseps e dentro de pouco tempo transformará a África numa enorme ilha.

- Sim, professor.





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