Vinte Mil Léguas Submarinas - Cap. 28: Capítulo 28 Pág. 132 / 258

O capitão deixou-nos e deu algumas ordens a seus homens. No mesmo instante um deles trouxe um arpão e uma linha semelhante aos que são utilizados pelos pescadores de baleias. O bote foi retirado e lançado ao mar. Seis remadores tomaram seus lugares e o timoneiro pegou no leme. Ned, Conselho e eu sentamo-nos à ré.

- Não vem connosco, capitão? - perguntei-lhe.

- Não, professor, mas, mesmo assim, lhes desejo uma boa caçada.

O bote desatracou e impelido pelos seis remos dirigiu-se rapidamente para o dugongo que flutuava a cerca de duas milhas do “Nautilus”.

Chegados a algumas braças do cetáceo, abrandamos a marcha e os remos mergulharam sem ruído nas águas tranquilas. Ned Land, de arpão na mão, levantou-se e foi para a proa. O arpão que serve para matar as baleias está geralmente ligado a uma longa corda que se desenrola rapidamente, quando o animal ferido se afasta. Mas aqui a corda não media mais do que uma dezena de braças e a sua extremidade estava presa a um pequeno barril flutuante que nos indicaria a marcha do dugongo sob as águas.

Tinha-me levantado e observava cuidadosamente o adversário do canadiano. O corpo oblongo terminava por uma cauda muito alongada e as barbatanas laterais por verdadeiros dedos. Tinha o maxilar superior armado com dois longos e pontiagudos dentes. Aquele era de grandes proporções, ultrapassando os sete metros de comprimento. Não se mexia e parecia dormir à superfície das águas, circunstância que tornava a sua captura mais fácil.

O bote aproximou-se prudentemente até três braças do animal e os remos foram suspensos nos descansos. Ned Land, com o corpo ligeiramente projetado para trás, brandia o arpão com mão experiente.





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