Através dos painéis do salão eu vi fundos de rochedos nitidamente iluminados pela nossa luz elétrica. Parecia-me que o estreito se apertava cada vez mais.
As nove e um quarto o barco subiu à superfície e eu fui para a plataforma. Na sombra consegui distinguir uma luz pálida, meio descolorada pela bruma, que brilhava a uma milha de distância. Virei-me e vi o Capitão Nemo ao meu lado.
- É o farol flutuante de Suez - informou-me ele. - Agora falta muito pouco para chegarmos à entrada do túnel...
- A entrada não deve ser de fácil acesso...
- De fato não é, professor. Costumo ir ao leme para dirigir a manobra.
Agora vamos descer porque o “Nautilus” vai submergir e só voltará à superfície depois de ter passado o Túnel árabe.
Eu o segui e o alçapão fechou-se atrás de nós. Os reservatórios se encheram de água e o submarino imergiu uma dezena de metros.
- Gostaria de me acompanhar até a cabina de pilotagem, professor? - perguntou-me o capitão.
- Nem ousava pedir-lhe - respondi.
- Venha - chamou-me. - Assim poderá observar tudo que há para ver desta navegação subterrânea e ao mesmo tempo submarina.
Conduziu-me para a escada central. A meio dela ele abriu uma porta e seguimos pelos corredores superiores até a cabina do piloto, que se elevava na extremidade da plataforma.
Era um recinto com seis pés de lado, semelhante às cabinas dos barcos a vapor que navegam no Mississipi e no Hudson. No meio tinha uma roda de leme colocada verticalmente, à qual estavam presos os cabos que corriam até a ré do “Nautilus”. Quatro vigias de vidro, abertas nas paredes da cabina, permitiam ao homem do leme olhar em todas as direções.