Vinte Mil Léguas Submarinas - Cap. 28: Capítulo 28 Pág. 134 / 258

Caímos uns sobre os outros, e não sei como teria acabado aquela aventura se o canadiano, sempre encarniçado contra o animal, não tivesse conseguido atingi-lo no coração.

O dugongo desapareceu arrastando consigo o arpão, mas o barril não demorou a voltar à superfície e instantes depois apareceu o corpo do animal, de barriga para cima. O bote aproximou-se dele, passou-lhe um reboque e dirigiu-se para o “Nautilus”.

No dia seguinte, 11 de fevereiro, o submarino navegava com velocidade moderada. Quase se podia dizer que vagava ao sabor do vento. Observei que as águas do Mar Vermelho se tornavam menos salgadas à medida que nos aproximávamos de Suez. Por volta das cinco horas da tarde avistamos para o norte o Cabo Rãs Mohammed que forma a extremidade da Arábia Pétrea, compreendida entre o Golfo de Suez e o Golfo de Akaba.

O “Nautilus” penetrou no Estreito de Jubal que conduz ao Golfo de Suez. Distingui perfeitamente uma alta montanha, dominante entre os dois golfos e o Rãs Mohammed. Era o monte Horeb, esse Sinai no cimo do qual Moisés viu Deus e que a imaginação popular vê sempre rodeado de clarões.

As seis horas, o “Nautilus”, ora emergindo ora submergindo, passava ao largo de Tor, situada ao fundo de uma baía cujas águas pareciam tingidas de vermelho. Depois anoiteceu no meio de um pesado silêncio, por vezes interrompido pelo grito de algum pelicano, pelo ruído das águas ou pelo apito longínquo de um vapor cortando as águas do golfo com as suas hélices.

Das oito às nove, o “Nautilus” manteve-se submerso a alguns metros de profundidade. Segundo os meus cálculos, devíamos estar bem perto de Suez.





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