Vinte Mil Léguas Submarinas - Cap. 31: Capítulo 31 Pág. 154 / 258

A minha agitação aumentava e o meu pulso estava alterado. Não conseguia ficar quieto. Andava de um lado para o outro na esperança de acalmar a agitação do espírito com o movimento físico.

A ideia de sucumbir na nossa temerária empresa era a menor de minhas preocupações. Mas ao pensar que o nosso projeto poderia ser descoberto antes de deixarmos o “Nautilus”, ao pensar de ser levado perante o Capitão Nemo, furioso ou, ainda pior, entristecido com o meu procedimento, palpitava-me o coração.

Quis rever o salão pela última vez. Segui pelos corredores e cheguei ao museu, onde tinha passado tantas horas agradáveis e úteis. Olhei todas aquelas riquezas, todos aqueles tesouros, como um homem na véspera de um exílio eterno, que parte para nunca mais voltar. Aquelas maravilhas da natureza, aquelas obras-primas da arte, no meio das quais passara tantos dias, ia abandoná-las para sempre. Desejei observar as águas do Atlântico através dos vidros do salão, mas os painéis estavam fechados e uma chapa de zinco separava-me daquele oceano que eu tanto desejava conhecer melhor.

Ao percorrer o salão, cheguei à porta, existente num dos lados, que dava para o quarto do capitão. Para minha surpresa a porta estava entreaberta. Recuei involuntariamente. Se estivesse lá dentro, ele poder-me-ia ver. Escutei e não ouvi nenhum ruído. Aproximei-me de novo e olhei. O quarto estava deserto. Empurrei a porta e entrei.

Comecei reparando em alguns quadros a óleo pendurados na parede. Não me lembrava de tê-los visto em minha primeira visita ao quarto dele.





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