- E a minha - respondeu simplesmente o arpoador.
Pelas duas horas da madrugada, o foco luminoso reapareceu com a mesma intensidade, cinco milhas a barlavento da “Abraham Lincoln”.
Apesar da distância, apesar do barulho do vento e do mar, ouvia-se as formidáveis batidas da cauda do animal, assim como a sua respiração ofegante.
Toda a tripulação permaneceu de vigia até o amanhecer, preparando-se para o combate. Os aparelhos de pesca foram dispostos ao longo da balaustrada. O imediato mandou carregar as enormes espingardas que lançam os arpões à distância de uma milha e as que disparam balas explosivas, cujo ferimento é mortal mesmo para os animais mais possantes. Ned Land limitara-se a preparar o arpão, arma terrível em suas mãos. Na fragata estavam todos prontos para iniciar o combate.
As seis horas o dia nasceu. Com a sua claridade desapareceu o brilho elétrico do narval. As sete horas um nevoeiro matinal muito cerrado diminuía o horizonte e os melhores óculos de longo alcance não conseguiam penetrá-lo. Esse fenômeno deixou todos aborrecidos a bordo.
De repente, ouviu-se a voz de Ned Land
- O monstro está à ré, do lado de bombordo!
Todos os olhares se dirigiram para o ponto indicado. A cerca de uma e meia milha da fragata, um longo corpo escuro emergia um metro acima do nível das águas. A sua cauda, violentamente agitada, produzia um redemoinho considerável. Um imenso rasto de deslumbrante brancura marcava a passagem do animal e descrevia uma curva alongada. A fragata aproximou-se do cetáceo. Examinou-o atentamente. Os relatórios do “Shannon” e do “Helvetia” tinham exagerado um pouco as suas dimensões.