- Sim, capitão.
- São cachalotes, animais terríveis que já tenho encontrado em cardumes de duzentos e trezentos. Esses sim, cruéis e prejudiciais, devem ser exterminados.
O canadiano virou-se ao ouvir essas palavras.
- Então, capitão, ainda há tempo. No interesse das baleias. – falei com ele, olhando para Ned Land.
- É inútil nos expormos, professor. O “Nautilus” dispersará os cachalotes. Está armado com um esporão de aço que vale muito mais do que o arpão de mestre Land.
O canadiano encolheu os ombros. Atacar cetáceos com um esporão! Onde já se tinha visto aquilo?
- Espere, Sr. Aronnax - disse o capitão, depois de ter refletido por um momento. - Faremos uma caçada que ainda não conhece. Nada de piedade para esses ferozes cetáceos. Só têm bocas e dentes. Bocas e dentes. Não se poderia descrever melhor o cachalote macrocéfalo, cujo comprimento ultrapassa por vezes os vinte e cinco metros. A enorme cabeça desse cetáceo ocupa cerca de um terço do seu corpo. Mais bem armado do que a baleia, cuja mandíbula superior tem apenas barbas, ele é munido de vinte e cinco grandes dentes de vinte centímetros de comprimento, cilíndricos e cônicos na extremidade e pesando duas libras cada um.
Entretanto o monstruoso cardume de cachalotes aproximava-se. Eles tinham visto as baleias e preparavam-se para atacá-las. Podia-se prever a vitória dos cachalotes, não apenas porque são mais bem armados para o ataque, como também porque podem permanecer mais tempo do que elas debaixo da água sem ir à superfície para respirar.
Estava na hora do “Nautilus” ir em socorro das baleias. Ele navegava submerso. Conselho, Ned e eu sentamo-nos diante dos painéis no salão.