Vinte Mil Léguas Submarinas - Cap. 36: Capítulo 36 Pág. 186 / 258

- Por baixo, capitão! - exclamei. - É isso mesmo. Iremos por baixo - concordei com ele, sem qualquer ironia.

- Vejo que começamos a nos entender, professor. Já está a antever o êxito da tentativa que vamos fazer. O que é impraticável com um navio comum torna-se fácil para o “Nautilus”. Essas montanhas de gelo não ultrapassam uma altura de cem metros acima da superfície do mar.

Abaixo dela não terão mais de trezentos. Ora, o que são trezentos metros para o meu barco mergulhar?

- Nada, capitão. A única dificuldade que me ocorre será permanecermos vários dias debaixo da água sem renovar a nossa provisão de ar.

- Isso não será problema - sossegou-me ele. - O “Nautilus” tem vastos reservatórios que encheremos e nos fornecerão todo o oxigênio de que necessitamos. Mas, não querendo que me considere um temerário, professor, vou-lhe dizer qual é o meu receio.

Olhei para ele e esperei curioso que me dissesse o que temia.

- Existindo um mar no Pólo Sul, temo que ele esteja totalmente bloqueado por grandes camadas de gelo que nos impeçam de subir à superfície. Se isso acontecer eu ficarei muito dececionado.

- Pode acontecer que encontremos mar livre no Pólo Sul, tal como acontece no Pólo Norte, capitão - falei entusiasmado. - Os pólos do frio e os pólos da terra não se confundem nem no hemisfério austral nem no hemisfério boreal. Até prova em contrário devemos imaginar ou um continente ou um mar livre de gelos nesses dois pontos do globo.

- Também penso assim, professor. Vamos tentar averiguar isso com os nossos próprios olhos.

A um sinal dele o imediato apareceu. Os dois conversaram na sua incompreensível linguagem e desceram juntos para o interior do barco.





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