A noção de tempo tinha desaparecido do meu espírito. Não sei dizer quantas horas passei assim, mas tive consciência do começo de minha agonia. Eu ia morrer...
De repente recuperei os sentidos. O ar me enchia os pulmões. Teríamos subido à superfície? Teríamos ultrapassado o banco de gelo? Não.
Eram os meus dois grandes amigos, Ned Land e Conselho que se
sacrificavam para me salvar. Alguns átomos de ar restavam ainda no fundo de um aparelho e, em vez de o respirarem, eles os davam para mim. Enquanto sufocavam, davam-me vida gota a gota!
Olhei para o relógio. Eram onze horas da manhã. Devíamos estar a 28 de março. O “Nautilus” avançava à fantástica velocidade de quarenta milhas por hora. O manômetro me indicou que estávamos apenas a uns seis metros da superfície. Uma simples camada de gelo nos separava da atmosfera. Não seria possível quebra-la?
O “Nautilus” ia tentar.
Senti que ele era colocado em posição oblíqua, baixando a ré e levantando o esporão. Impelido pela sua poderosa hélice, atacou o banco de gelo de baixo para cima. Foi quebrando-o pouco a pouco. Recuava e tornava a se precipitar contra o campo de gelo, desmoronando-o. Finalmente, num esforço supremo, lançou-se contra a superfície gelada e esmagou-a com seu peso.
O alçapão foi aberto e o ar penetrou em todos os seus compartimentos.