Para os mares frequentados ou os desertos. Tínhamos que pensar nisso.
O “Nautilus” avançava rapidamente. O círculo polar foi ultrapassado, assim como o cabo que fica no Promontório de Horn. Estávamos na extremidade do Continente americano no dia 31 de março às sete horas da noite.
Olhando as anotações do imediato na carta de navegação, eu podia determinar a direção exata do “Nautilus”. Ora, naquela tarde ficou evidenciado, para minha grande satisfação, que voltávamos para o norte pela rota do Atlântico.
Comuniquei essa minha observação aos meus companheiros.
- Boa notícia - disse Ned Land. - Mas para onde vai o “Nautilus”?
- Não sei, meu caro.
- Ele não nos diz nada - falou Conselho, referindo-se ao capitão – mas eu só posso dizer que é um grande homem esse Capitão Nemo. Não lamentaremos por tê-lo conhecido.
- Sobretudo quando o tivermos deixado – retrucou Ned Land.
No dia seguinte, 1° de abril, quando o “Nautilus” subiu à superfície das águas, alguns minutos antes do meio-dia, avistamos uma costa a oeste.
Era a Terra do Fogo, à qual os primeiros navegadores deram este nome ao verem os numerosos focos de fumo que se elevavam das cabanas dos indígenas. A costa parece baixa mas ao longe elevam-se altas montanhas. Julguei até ter visto o Monte Sarmiento, com dois mil e setenta metros acima do nível do mar, bloco piramidal de xisto, de cume aguçado, o qual segundo informação de Ned Land estando enevoado ou limpo anuncia o mau ou o bom tempo.
À noite o “Nautilus” aproximou-se do Arquipélago das Maloínas. A profundidade do mar era pouca. Pensei então que aquelas duas ilhas, rodeadas por numerosas ilhotas, faziam outrora parte das terras de Magalhães.