As Maloínas foram descobertas provavelmente pelo célebre John Davis, que lhes pôs o nome de Davis-Southern-Islands. No princípio do século XVIII, foram chamadas de Maloínas pelos pescadores de Saint-Malo e, finalmente, por Falklands pelos ingleses. Quando as Maloínas desapareceram no horizonte, o “Nautilus” submergiu entre vinte e vinte e cinco metros e seguiu a costa americana. O Capitão Nemo estava desaparecido.
A 3 de abril, ora submerso ora à superfície, navegamos na região da Patagônia. O “Nautilus” passou pelo grande estuário formado pela desembocadura do Rio da Prata e a 4 de abril estávamos em frente ao Uruguai, a cinquenta milhas ao largo. A sua direção se mantinha para o norte, seguindo as longas sinuosidades da América Meridional. Já tínhamos então percorrido dezasseis mil milhas desde o nosso embarque, nos mares do Japão.
Por volta das onze horas da manhã passamos o Trópico de Capricórnio no meridiano 37 e navegamos ao largo do Cabo Frio. O Capitão Nemo, para grande aborrecimento de Ned Land, não gostava das costas habitadas do Brasil, pois passou por elas com grande velocidade.
Essa rapidez manteve-se durante vários dias. A 9 de abril, à noite, avistamos a ponta mais oriental da América do Sul, que forma o Cabo São Roque. No dia 11 de abril o “Nautilus” subiu para a superfície e a terra reapareceu à vista do Rio Amazonas, vasto estuário cuja caudal é tão considerável que tira o sal ao mar numa extensão de várias léguas.
Tínhamos passado o Equador. A vinte milhas para oeste ficavam as Guianas, terras francesas, onde facilmente encontraríamos refúgio. Mas o vento soprava forte e as vagas, furiosas, não permitiam que um frágil bote as enfrentasse. Ned Land deve ter compreendido isso, pois não me falou em evasão.