Após algumas tentativas infrutíferas, a tripulação conseguiu passar um nó corredio à volta do corpo do molusco. O nó deslizou até as barbatanas caudais e parou. Tentaram então içar o monstro para bordo, mas o seu peso era tal que, devido à tração da corda, se separou da causa e desapareceu nas águas, sem ela.
- Aí está qualquer coisa concreta - disse Ned Land.
- Um fato indiscutível, meu caro Ned. Por isso foi proposto que se desse a esse polvo o nome de “calmar de Bouger”.
- Talvez medisse seis metros - disse Conselho, postado junto ao painel e examinando de novo as anfractuosidades da falésia.
- Precisamente - confirmei.
- A cabeça seria coroada por oito tentáculos que se agitavam na água como um ninho de serpentes? - continuou Conselho.
- Precisamente - tornei a confirmar.
- Os olhos, colocados à flor da pele, teriam um desenvolvimento considerável.
- Sim, Conselho.
- E a boca seria um verdadeiro bico de papagaio, mas um bico formidável.
- De fato era assim - concordei.
- Pois bem, com licença do senhor - Conselho falou tranquilamente – se não é o calmar de Bouger, está ali pelo menos um dos seus irmãos - disse e apontou para o mar.
Olhei para o meu criado e Ned Land correu para o painel.
- Que animal horrendo! - exclamou.
Olhei também e não pude reprimir um movimento de repulsa. Diante dos meus olhos, agitava-se um monstro horrível, digno de figurar nas lendas teratológicas.
Era um calmar de dimensões colossais, com oito metros de comprimento. Avançava com grande velocidade em direção ao “Nautilus”, que fixava com os seus enormes olhos verde-mar.