Vinte Mil Léguas Submarinas - Cap. 42: Capítulo 42 Pág. 224 / 258

Era neste rio do oceano que o submarino “Nautilus” navegava. A saída do Canal das Baamas, catorze léguas ao largo e a trezentos e cinquenta metros de profundidade, a Gulf Stream tem uma velocidade de cerca de oito quilômetros por hora. Esta rapidez decresce regularmente à medida em que avança para o norte, e é de desejar que esta regularidade se mantenha, porque se a sua velocidade e direção se modificarem, os climas europeus serão submetidos a perturbações cujas consequências são inteiramente imprevisíveis.

Por volta do meio-dia encontrava-me na plataforma com o meu criado. Dei-lhe a conhecer todas as particularidades da Gulf Stream e, terminada a minha explicação, convidei-o a enfiar a mão na água. Conselho obedeceu e ficou admirado de não sentir quer uma sensação de calor, quer de frio.

- Isso acontece porque a temperatura das águas da Gulf Stream, ao saírem do Golfo do México, pouco difere da do corpo humano. Essa corrente é um vasto calorífero, que dá às costas da Europa o aspeto eternamente verdejante. E, a se acreditar em Maury, o calor desta corrente, totalmente utilizado, seria suficiente para manter em fusão um rio de ferro fundido tão grande como o Amazonas ou o Missoüri.

A corrente é tão distinta do mar ambiente que as suas águas comprimidas irrompem sobre o oceano, operando-se um desnivelamento entre elas e as águas frias. Escuras e muito ricas em matérias salinas, riscam com o seu azul puro as águas verdes que as cercam. E tal a nitidez da sua linha de demarcação que o “Nautilus”, perto das Carolinas, enquanto a hélice ainda agitava as águas do oceano, já o esporão cortava as águas da Gulf Stream.





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