Vinte Mil Léguas Submarinas - Cap. 10: Capítulo 10 Pág. 34 / 258

Continuarão a bordo, já que a fatalidade os colocou aqui. Serão livres, mas em troca dessa liberdade, aliás relativa, exijo uma única condição. A promessa de que irão cumpri-la é suficiente para mim.

- A sua condição é daquelas que um homem honesto pode aceitar, comandante? - perguntei-lhe.

- É. Aqui está ela: é possível que alguns acontecimentos imprevistos me obriguem a fechá-los nos seus camarotes durante algumas horas ou dias, segundo os casos. Desejando nunca usar a força, espero de vocês a mais completa obediência. Ao agir assim, isento-os de toda a responsabilidade, liberto-os completamente de quaisquer comprometimentos com os meus atos. Aceitam esta condição?

Portanto, passavam-se a bordo coisas mais ou menos. estranhas, que não deviam ser presenciadas por pessoas que não estivessem à margem da sociedade. Entre as surpresas que o futuro me reservava esta seria certamente das maiores.

- Aceitamos - respondi. – Posso-lhe fazer uma única pergunta?

- Pode falar.

- O que devemos entender quando disse que gozaríamos de liberdade a bordo?

- Liberdade de ir e vir, de observar, de ver tudo o que se passa, exceto em algumas raras ocasiões.

As palavras dele deixavam bem claro que não poderíamos fazer qualquer tentativa de fuga. Isso poderia se tornar possível para nós quando o submarino se aproximasse de alguma costa.

- Essa liberdade não é suficiente para nós, comandante - falei-lhe, usando a franqueza que julgava lhe dever.

- No entanto, tem de chegar - respondeu-me.

- Como? Então devemos renunciar para sempre a rever a nossa pátria, os amigos, os parentes?

- Sim, professor. Mas renunciar a retomar o jugo insuportável da terra, que os homens têm como liberdade, talvez não seja tão penoso como julga.





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