Vinte Mil Léguas Submarinas - Cap. 10: Capítulo 10 Pág. 35 / 258

- Não pode ser - manifestou-se Ned Land. - Não posso dar a minha palavra de que não tentarei fugir.

- Não lhe peço a sua palavra, Sr. Land - falou o comandante, friamente.

- O senhor abusa da sua situação em relação à nossa - disse eu, um pouco exaltado. - Isso é crueldade.

- Não, senhor! É clemência. São meus prisioneiros de guerra. Conservo-lhes as vidas quando podia mergulhá-los nas profundezas do oceano. Os senhores atacaram-me! Vieram desvendar um segredo que nenhum homem no mundo deveria conhecer. O segredo de toda a minha existência! Julgam que vou deixá-los regressar a essa terra que nunca deverá me conhecer? Nunca! Se os mantenho aqui, não é por vocês, é por mim.

Estas palavras revelavam da parte do comandante uma decisão contra a qual nenhum argumento seria eficaz.

- Então, Sr. comandante, dá-nos pura e simplesmente a escolher entre a vida de cativos ou a morte?

- Exatamente.

- Meus amigos - virei-me para os meus companheiros - a uma afirmação assim não posso contra- argumentar. Mas nenhuma palavra nos obriga perante o comandante.

- Nenhuma - confirmou ele. Depois, com uma voz mais suave, falou: - Agora, permitam-me concluir aquilo que queria dizer. Já o conheço, professor Aronnax. O senhor, mais do que os seus companheiros, não terá muito de que se queixar do acaso que o liga ao meu destino. Encontrará entre os livros que uso para os meus estudos favoritos a obra que publicou sobre os grandes fundos marinhos. Já a li muitas vezes. Levou a sua obra tão longe quanto a ciência terrestre lhe permitiu. Mas não sabe tudo, não viu tudo. Deixe-me portanto dizer-lhe, professor, que não lamentará o tempo que passar a bordo do meu navio. Vai viajar pelo país das maravilhas desconhecidas.





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