- Existe um agente poderoso, obediente, rápido, manobrável para todos os fins, que é rei e senhor a bordo do meu submarino. Tudo é feito por ele. Ilumina, aquece, é a alma de todos os aparelhos: a eletricidade. Sem ela eu nada teria conseguido.
- A eletricidade? - perguntei, surpreso.
- Sim, professor.
— No entanto, capitão, o seu barco possui uma extrema rapidez de movimentos que dificilmente se explica pela eletricidade. Pelo que sei, a sua força dinâmica permanece até hoje muito restrita, e só produziu forças reduzidas.
- A minha eletricidade, professor, não é a mesma do resto do mundo. Mas a este respeito não posso lhe dizer mais nada. Basta saber que o mar me fornece os meios de produzir a minha eletricidade.
Desconversou o assunto, que me interessava profundamente, e passou a mostrar-me outros instrumentos e a explicá-los.
- Repare neste relógio, professor. É elétrico e trabalha com uma regularidade que desafia os melhores cronômetros. Está dividido em vinte e quatro horas, como os relógios italianos, porque para mim não existe nem dia e nem noite, nem sol e nem lua, mas apenas esta luz artificial que arrasto até o fundo dos mares. Veja, neste momento são dez horas da manhã.
- Perfeitamente.
- Repare nesta outra aplicação da eletricidade: este quadrante serve para indicar a velocidade do “Nautilus”. Neste momento estamos nos movendo a quinze milhas por hora.
- É maravilhoso - observei - e vejo que descobriu como utilizar este agente, que num futuro próximo substituirá o vento, a água e até o vapor.
- Se me quiser acompanhar, visitaremos agora a ré do “Nautilus”.