O “Bússola”, que navegava à frente, encalhou na costa meridional, o mesmo acontecendo ao “Astrolábio”, que fora em socorro dele. O primeiro desfez-se quase imediatamente, mas o segundo, encalhado a sotavento, resistiu alguns dias. Os indígenas deram bom acolhimento aos náufragos e eles se instalaram na ilha, tendo construído uma embarcação bem pequena com o que puderam aproveitar dos dois navios. Alguns marinheiros decidiram voluntariamente ficar na ilha, enquanto os outros, fracos e doentes, partiram com La Pérouse. Dirigiram-se para as ilhas Salomão e pereceram na costa ocidental da ilha principal do grupo, entre os Cabos Decepção e Satisfação!
- Como sabe de tudo isso? - indaguei.
- Através do que encontrei no local desse último naufrágio.
O Capitão Nemo mostrou-me uma caixa de latão com as armas da França gravadas, já corroída pelas águas do mar. Abriu-a e vi um maço de papéis amarelados mas ainda legíveis. Eram as instruções do próprio Ministro da Marinha ao Comandante La Pérouse, com anotações do punho de Luís XVI.
- É uma bela morte para um marinheiro!- disse o Capitão Nemo. – É um túmulo tranquilo este, feito de corais. Deus queira que tanto eu como os meus companheiros nunca tenhamos outro!
Durante a noite de 27 para 28 de dezembro, o “Nautilus” deixou a região de Vanikoro a grande velocidade. Tomou a direção sudoeste e em três dias percorreu as setecentas e cinquenta léguas que separam o grupo Lã Pérouse da ponta sueste da Papuásia.