- Posso experimentar - concordei - mas estou certo de que ele se recusará.
- Pelo menos ficaremos informados sobre a amabilidade do capitão - ponderou o meu criado.
Para minha grande surpresa, o Capitão Nemo concedeu a autorização sem qualquer dificuldade, sem mesmo ter exigido a promessa de voltarmos para bordo.
O bote foi posto à nossa disposição para a manhã seguinte. Não procurei saber se o Capitão Nemo nos acompanharia. No dia seguinte, 5 de janeiro, a pequena embarcação foi retirada do seu lugar e lançada ao mar por apenas dois homens da tripulação. Os remos estavam no seu lugar, e só nos restava entrarmos nela. Ainda me surpreendendo, o capitão não nos impôs nenhum tripulante. Ned Land governaria sozinho a embarcação. A terra encontrava-se a menos de duas milhas e para ele seria uma brincadeira conduzir o bote entre aqueles recifes tão perigosos para os grandes navios.
As oito horas, armados com machados e espingardas, deixamos o “Nautilus”. O mar estava bastante calmo. Uma brisa ligeira soprava da terra. Conselho e eu remávamos vigorosamente, enquanto Ned governava o bote pelas estreitas passagens que as rochas deixavam entre si.
O canadiano não podia conter a, sua alegria. Parecia um prisioneiro fugido da prisão e nem sequer pensava que teríamos de voltar ao submarino. Estava realmente vibrando com o acontecimento.
- Carne! - repetia ele sem cessar. - Vamos comer carne! Pena não haver pão. Um bom pedaço de carne fresca, grelhada sobre umas brasas... O que me diz disso, Conselho?
- Que você me está a deixar com água na boca, seu glutão.