Ora, as marés são fracas no Pacífico e como não pode tirar o lastro do seu barco, não sei como poderá desencalhá-lo.
- As marés não são fortes no Pacífico, professor. Mas no Estreito de Torres verifica-se uma diferença de um metro e meio entre o nível das águas nas marés alta e baixa. Hoje é dia 4 de janeiro e dentro de cinco dias teremos lua cheia. Muito me surpreenderia se esse bondoso satélite não levantasse suficientemente as águas, prestando-me um serviço que só a ele quero ficar a dever.
Dito isso, chamou o seu imediato e desceram para o interior do submarino.
- Então? - perguntou-me Ned Land, aproximando-se.
- Esperaremos tranquilamente pela maré do dia 9. Segundo o Capitão Nemo, a lua fará o favor de nos fazer flutuar de novo.
- O senhor pode acreditar em mim: este monte de ferro não tornará a navegar nem em cima e nem debaixo das águas. Agora só serve para a sucata - vaticinou ele. - Portanto, acho que chegou o momento de deixarmos a companhia do Capitão Nemo.
- Eu não penso como você, meu caro Ned. Dentro de quatro dias saberemos como agem as marés do Pacifico neste estreito. Aliás, a ideia de fugirmos poderia ser oportuna se estivéssemos à vista das costas da Inglaterra ou da Provença, mas nas costas da Papuásia...
- Mas pelo menos não poderíamos ir à terra, já que vamos ficar parados aqui todos esses dias? - perguntou Ned e acrescentou: - Ali está uma ilha onde há árvores e animais terrestres que forneceriam bons bifes e boas costeletas, nas quais eu daria umas dentadas com imensa satisfação.
- Quanto a isso eu tenho a mesma opinião de Ned Land, professor - disse Conselho. - O senhor poderia conseguir que o Capitão Nemo nos mandasse levar a terra, pelo menos para não perdermos o hábito de pisar as partes sólidas do nosso planeta.