As seis horas da tarde, nós estávamos na praia, próximos ao bote. O “Nautilus”, semelhante a um grande escolho, emergia das águas a duas milhas de distância. Ned Land, sem mais delongas, ocupou-se da importante tarefa de fazer o jantar. As costeletas do bari-utang, assando-se nas brasas exalavam um cheiro delicioso que perfumava a atmosfera. Degustávamos antecipadamente o prazer de um excelente jantar.
- E se não voltássemos esta noite ao “Nautilus?” - lembrou Conselho, numa perigosa proposta.
- E se nunca mais voltássemos? - Ned Land fez justamente a pergunta que eu esperava ouvir dele.
Naquele momento, uma pedra caiu aos nossos pés, interrompendo a proposta do canadiano.
As pedras não caem assim do céu! - disse Conselho.
Uma segunda pedra, cuidadosamente arredondada, que tirou da mão de Conselho um pedaço de carne, assustou-nos.
Levantamo-nos os três, de espingardas em punho, prontos para responder a qualquer ataque.
- Serão macacos? - perguntou Ned Land.
- Mais ou menos - respondeu Conselho. - São selvagens.
- Corramos para o bote! - apressei-os, dirigindo-me para o mar.
De fato, era forçoso que fugíssemos, porque uns vinte indígenas, armados de arcos e fundas, surgiam na orla de uma mata à direita de onde estávamos, a cerca de cem passos. Aproximavam-se sem correr, mas demonstrando hostilidade, atirando suas pedras e flechas contra nós.
Chegamos em dois minutos à beira do mar. Carregar o bote com as nossas provisões da caçada, empurrá-lo para a água è montar os remos, foi uma questão de segundos. Ainda não tínhamos avançado dez metros e já uma centena de selvagens, gritando e gesticulando, entrava na água.
Vinte minutos depois estávamos chegando a bordo do “Nautilus”. Os alçapões estavam abertos e penetramos nele.