Uma Família Inglesa - Cap. 9: IX - No escritório Pág. 101 / 432

.. – e espirrou outra vez – já estou constipado.

– Nesse caso, recolho-me – disse Carlos, fechando a janela e vindo debruçar-se na escrivaninha de Manuel Quintino, o qual começara de novo a correspondência.

– Sim, senhor, Sr. Manuel Quintino – dizia Carlos, expelindo uma baforada de fumo, à qual o velho fez caretas –; você será parente do Quintino Durward de que fala o Walter Scott? Você sabe quem era o Walter Scott, Manuel Quintino?

– Eu não, senhor... – respondeu o velho, continuando a escrever.

– Walter Scott era um romancista. Sabe o que é ser romancista? Diga-me, já leu algum romance?

– Não, senhor, que tenho mais que fazer.

– Pois deixe estar que lhe hei-de emprestar romances para ler…

– Muito agradecido.

– O primeiro há-de ser O Cavaleiro de…

Os dois caixeiros fungaram do outro lado da sala.

– D’Harmental – concluiu maliciosamente Carlos – e acrescentou: – Não sei de que se riem estes senhores.

– É porque têm a vida muito canseirosa – respondeu Manuel Quintino.

– Depois hei-de emprestar-lhe a Mademoiselle…

O mesmo efeito nos caixeiros.

– Mademoiselle de la Seiglière – delicada concepção de Jules Sandeau – concluiu Carlos, olhando-os com gravidade cómica.

– Adeus, já me fez enganar! – exclamou Manuel Quintino. – Por sua causa escrevi agora – cavalheiro – em vez de – Companhia.

– Isso emenda-se.

– Há-de emendar boas coisas.

– Emenda, sim. Olhe, desse a faz-se bem um o; depois, o m forma-se do v e do…

– O remédio é outro…

E com exemplar paciência começou nova carta.

– Oh! com os diabos! Então vai outra vez principiar?

– É o que o senhor faz.

– O caso é que você tem bonita letra! Invejo-lha. Se me ensinasse a escrever assim!

– Não precisa.

E, para fixar a atenção, ia dizendo em voz alta o que escrevia:

– Recebi o seu favor de 14 do corrente e em resposta…

– Não preciso? Preciso tal – prosseguiu Carlos.





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