Uma Família Inglesa - Cap. 12: XII - Outro depoimento Pág. 137 / 432

Como o leitor viu, tinha havido importante omissão na confidência de Cecília, omissão que aquele «tudo» de Jenny lhe mostrava agora ter sido inútil.

– E que opinião fazia ele… que opinião fazia o Sr. Carlos de mim? – perguntou Cecília com verdadeira inquietação.

Jenny revestiu-se de seriedade e reflectiu algum tempo, antes de responder.

Não se imagina como se faziam extraordinariamente belas as feições de Jenny sob a influência deste ar de reflexão, que tão frequente lhe fixava o olhar e lhe desenhava uma ligeira ruga na fronte.

Cecília consultava com aparente sobressalto aquela fisionomia expressiva.

– Olhe, Cecília – disse Jenny por fim – como a menina ainda agora o reconheceu, não foi por certo prudente o passo que deram. A necessidade de o ocultar de seu pai era bastante prova disso, quando nada tivesse acontecido que melhor o provasse ainda. Carlos procedeu bem e mal; bem em as proteger; mal, depois. Ele devia ter sempre na ideia, como eu lhe disse, que alguma pessoa bem-educada, e que de facto tinha desejos de ocultar-se, podia ser essa máscara que ele, depois de proteger, perseguia. Disse-lho há pouco ainda, mas… sabe o que ele me respondeu?

– Que foi?

– Se eu lho digo, Cecília, é para que a menina faça sempre o que lhe aconselharem os pressentimentos do seu bom coração, e creia que são excelentes as inspirações que lhe vierem daí. Quando eu dizia a Carlos que imaginasse que era eu mesma a que estava debaixo daquele dominó, e a que me via perseguida, respondeu-me que não havia probabilidades disso, porque… pessoas que…

– Oh! Não diga mais, Jenny, não diga mais – atalhou Cecília, quase fechando-lhe os lábios com a mão; e os olhos inundaram-se-lhe de lágrimas que, umas após outras, lhe rolaram pelas faces.

Era uma das irresistíveis expansões daquela impetuosa natureza.





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