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Capítulo 12: XII - Outro depoimento

Página 136

No entretanto dizia:

– O mesmo sucedeu às minhas amigas; preparámo-nos logo para deixar o baile. Vendo, porém, que nos seguiam, socorri-me ao cavalheirismo do que primeiro me falou, e isso nos valeu.

– Ah!

– Serviu-nos de guia e protector através das ruas ainda cheias de máscaras; mas insistia depois em nos conduzir a casa. Tremi ainda mais com esta insistência do que com a dos outros. Este conhecia meu pai e se soubesse… Oh, meu Deus!… Por mais que lhe rogássemos, não queria deixar-nos; eu, perdida de susto, pedi a Deus uma inspiração. A inspiração veio e foi poderosa. Ele deixou-nos afinal, e nós entrámos em casa... mas eram quatro horas da manhã.

O que faltara à confidência podia Jenny bem supri-lo de per si; desviando porém os olhos disfarçadamente, ponderou como se pretendesse desenganar-se:

– Falta-lhe agora dizer, Cecília, para ser completa a confidência, quem era esse homem e qual foi a inspiração que Deus mandou à menina.

Desta vez também os alfinetes de Jenny parecia exigirem certos cuidados, que ela lhes concedeu.

Cecília balbuciava com manifesto enleio:

– Ah! Quem era?… não sei; isto é… quero dizer… era…

Jenny pegou-lhe na mão.

– Seja franca até ao fim – disse-lhe em tom de insinuante amizade. – Esse homem era meu irmão.

Cecília estremeceu e olhou espantada para Jenny.

– Como o sabe?

Sei tudo – replicou Jenny, apertando-lhe a mão com afecto. – E sei também a inspiração que teve e agradeço-lha.

– Sabe? Mas então…

– Carlos tem o costume de me contar tudo, e ainda esta manhã… há pouco… me tinha dito…

– Tudo? – perguntou Cecília de uma maneira particular e corando.

– Tudo – respondeu Jenny, dando a esta palavra uma inflexão e animando-a de um sorriso, que aumentaram a intensidade deste rubor.

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pág. 136 (Capítulo 12)

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Capa do livro Uma Família Inglesa
Páginas: 432
Página atual: 136

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Espécie de prólogo, em que se faz uma apresentação ao leitor 1
II - Mais duas apresentações, e acaba o prólogo 11
III - Na Águia de Ouro 21
IV - Um anjo familiar 42
V - Uma manhã de Mr. Richard 53
VI - Ao despertar de Carlos 61
VII - Revista da noite 71
VIII - Na praça 81
IX - No escritório 94
X – Jenny 110
XI – Cecília 119
XII - Outro depoimento 128
XIII - Vida portuense 139
XIV - Iminências de crise 159
XV - Vida inglesa 168
XVI - No teatro 182
XVII - Contas de Carlos com a consciência 197
XVIII - Contas de Jenny com a consciência de Carlos 212
XIX - Agravam-se os sintomas 222
XX - Manuel Quintino procura distracções 236
XXI - O que vale uma resolução 247
XXII - Educação comercial 262
XXIII - Diplomacia do coração 277
XXIV - Em que a senhora Antónia procura encher-se de razão 283
XXV - Tempestade doméstica 290
XXVI - Ineficaz mediação de Jenny 298
XXVII - O motivo mais forte 305
XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto 312
XXIX - Os amigos de Carlos 326
XXX - Peso que pode ter uma leviandade 344
XXXI - O que se passava em casa de Manuel Quintino 353
XXXII - Os convivas de Mr. Richard 362
XXXIII - Em honra de Jenny 371
XXXIV - Manuel Quintino alucinado 381
XXXVI - A defesa da irmã 397
XXXVII - Como se educa a opinião pública 406
XXXVIII - Justificação de Carlos 412
XXXIX - Coroa-se a obra 422
Conclusão 432