Uma Família Inglesa - Cap. 16: XVI - No teatro Pág. 195 / 432

tanto…

– Não é dessa injustiça que eu desejo ver-te arrependido, Charles, mas antes da do conceito que fizeste de Cecília, do modo como a trataste, só por a veres onde nem quiseste supor que pudesse estar tua irmã…

– E repito! – acudiu Carlos, com vivacidade.

– Pois bem, Charles – respondeu Jenny placidamente, mas em tom repreensivo. – Digo-te eu então que as qualidades, que a vida inteira de Cecília dão-lhe direito a exigir de ti tanta consideração e estima, como a que dizes ter-me. É ainda hoje a minha melhor amiga.

Carlos olhou para a irmã, admirado, tal era a gravidade que lhe descobriu no olhar e na voz.

Devemos confessar que ele nunca viu em Cecília outra coisa mais do que uma rapariga bonita, a qual muitas vezes lhe merecera olhares complacentes, mas de quem tão depressa se esquecia, como dela se afastava.

Recordo-me de haver dito que esta qualidade, de não desafiar imediatamente impressões profundas, caracterizava a espécie de beleza que Cecília possuía.

Nos seus dotes morais nunca pensara Carlos; e para que havia ele de pensar nisso? Por estes motivos a seriedade, de que se revestira subitamente o rosto de Jenny, impressionou-o.

– Bem, Jenny – respondeu ele, fazendo-se sério também –, as tuas palavras reabilitariam até aqueles que precisassem de ser reabilitados. E Cecília, creio-o firmemente, não está nesse caso. Censuras, em tudo isto, só as mereço eu. Hei-de provar-te que assim o penso.

Jenny estendeu-lhe a mão.

– Agora reconheço-te pelo que és. Agradecida.

E depois, apontando para Manuel Quintino:

– Escuso lembrar-te que ele ignora tudo.

– E ficará ignorando.

Manuel Quintino sonhava-se agora no escritório, a fazer uma baralhada conta de somar.

Passados momentos, rodava pelas ruas da cidade a carruagem que transportava a casa a família Whitestone.





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