Giovanni, de Mozart, música de que nunca se saciam os tímpanos britânicos; e na Beggar’s Opera, de Gray – protesto do gosto nacional contra a escola italiana, que se riu do protesto.
Carlos, sentando-se junto da irmã, podia pois julgar-se a sós com ela.
– Então a minha bela incógnita do dominó de seda… – principiou ele.
Jenny olhou receosa para Manuel Quintino.
– Não tenhas medo – disse Carlos. – Dorme e ameaça ressonar.
– Estás agora convencido, Charles – disse Jenny ainda a meia voz – da verdade do que eu te dizia aquela manhã?
– A respeito?…
– A respeito da tua aventura da noite de Carnaval. Cecília é uma menina bem-educada e de grande delicadeza de sentimentos. Deu imprudentemente aquele passo, que Deus sabe quantos desgostos lhe poderia vir a causar, se a tua generosidade não prevalecesse afinal sobre as tuas… loucuras; como há-de continuar a prevalecer ainda, assim o espero. Não estiveste tu mesmo para a perder no conceito dos que a não respeitam, porque a não conhecem? Não terias agora remorsos?
– Mas Cecília…
– No mesmo dia, em que tu me falaste nisso, me veio ela contar tudo. Também tenho a sua confiança. E se soubesses com que receio o fez! Se visses com que lágrimas não fingidas me interrompeu, quando eu lhe ia a confessar o que pensava das mulheres que se encontram sós e mascaradas naqueles lugares!
– Pois tu disseste-lhe… Ó Jenny!…
– O bastante para a acautelar de passos como aquele; visto que nem sempre aparecem protectores que, no meio das suas veleidades, conservem ainda uns restos de sentimentos generosos…
– Valha-te Deus, Jenny! Mas… na verdade que me custa ainda a acreditar! Pois era Cecília! Confesso-te, Jenny, que nunca supus que aquela rapariga tivesse tanta graça, tanta inteligência,