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Capítulo 16: XVI - No teatro

Página 194
Giovanni, de Mozart, música de que nunca se saciam os tímpanos britânicos; e na Beggar’s Opera, de Gray – protesto do gosto nacional contra a escola italiana, que se riu do protesto.

Carlos, sentando-se junto da irmã, podia pois julgar-se a sós com ela.

– Então a minha bela incógnita do dominó de seda… – principiou ele.

Jenny olhou receosa para Manuel Quintino.

– Não tenhas medo – disse Carlos. – Dorme e ameaça ressonar.

– Estás agora convencido, Charles – disse Jenny ainda a meia voz – da verdade do que eu te dizia aquela manhã?

– A respeito?…

– A respeito da tua aventura da noite de Carnaval. Cecília é uma menina bem-educada e de grande delicadeza de sentimentos. Deu imprudentemente aquele passo, que Deus sabe quantos desgostos lhe poderia vir a causar, se a tua generosidade não prevalecesse afinal sobre as tuas… loucuras; como há-de continuar a prevalecer ainda, assim o espero. Não estiveste tu mesmo para a perder no conceito dos que a não respeitam, porque a não conhecem? Não terias agora remorsos?

– Mas Cecília…

– No mesmo dia, em que tu me falaste nisso, me veio ela contar tudo. Também tenho a sua confiança. E se soubesses com que receio o fez! Se visses com que lágrimas não fingidas me interrompeu, quando eu lhe ia a confessar o que pensava das mulheres que se encontram sós e mascaradas naqueles lugares!

– Pois tu disseste-lhe… Ó Jenny!…

– O bastante para a acautelar de passos como aquele; visto que nem sempre aparecem protectores que, no meio das suas veleidades, conservem ainda uns restos de sentimentos generosos…

– Valha-te Deus, Jenny! Mas… na verdade que me custa ainda a acreditar! Pois era Cecília! Confesso-te, Jenny, que nunca supus que aquela rapariga tivesse tanta graça, tanta inteligência,

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pág. 194 (Capítulo 16)

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Capa do livro Uma Família Inglesa
Páginas: 432
Página atual: 194

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Espécie de prólogo, em que se faz uma apresentação ao leitor 1
II - Mais duas apresentações, e acaba o prólogo 11
III - Na Águia de Ouro 21
IV - Um anjo familiar 42
V - Uma manhã de Mr. Richard 53
VI - Ao despertar de Carlos 61
VII - Revista da noite 71
VIII - Na praça 81
IX - No escritório 94
X – Jenny 110
XI – Cecília 119
XII - Outro depoimento 128
XIII - Vida portuense 139
XIV - Iminências de crise 159
XV - Vida inglesa 168
XVI - No teatro 182
XVII - Contas de Carlos com a consciência 197
XVIII - Contas de Jenny com a consciência de Carlos 212
XIX - Agravam-se os sintomas 222
XX - Manuel Quintino procura distracções 236
XXI - O que vale uma resolução 247
XXII - Educação comercial 262
XXIII - Diplomacia do coração 277
XXIV - Em que a senhora Antónia procura encher-se de razão 283
XXV - Tempestade doméstica 290
XXVI - Ineficaz mediação de Jenny 298
XXVII - O motivo mais forte 305
XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto 312
XXIX - Os amigos de Carlos 326
XXX - Peso que pode ter uma leviandade 344
XXXI - O que se passava em casa de Manuel Quintino 353
XXXII - Os convivas de Mr. Richard 362
XXXIII - Em honra de Jenny 371
XXXIV - Manuel Quintino alucinado 381
XXXVI - A defesa da irmã 397
XXXVII - Como se educa a opinião pública 406
XXXVIII - Justificação de Carlos 412
XXXIX - Coroa-se a obra 422
Conclusão 432