Uma Família Inglesa - Cap. 22: XXII - Educação comercial Pág. 267 / 432

Os pontos capitais recordou-os ou compreendeu-os à força de reflexão; restavam-lhe pequenas dúvidas, dificuldades de segunda ordem, que a experiência de Manuel Quintino, em poucos momentos, deveria elucidar.

Estas dúvidas e dificuldades, é preciso dizer-se, eram principalmente sobre a utilidade dos complicados processos de escrituração que Manuel Quintino, fiel aos velhos sistemas, escrupulosamente seguia. Carlos previa métodos mais simples e expeditos para executar certos lançamentos e operações e, vendo adoptados os mais extensos e tortuosos, sentia-se embaraçado, supondo haver alguma razão para a preferência e não a podendo descobrir.

Ao sair do escritório levava Carlos muito adiantada a sua instrução comercial. Havia muito tempo que não tivera tão laboriosa manhã!

À noite, quando se preparava para ir a casa do mestre, encontrou Jenny no corredor, a qual, como gracejando, lhe disse:

– Será verdade, Charles, o que acabo agora de saber?

– Então que soubeste tu?

– Que foste hoje um canseiroso guarda-livros e que a todos maravilhaste no escritório com a tua aplicação ao negócio.

– É verdade; tive esta manhã este capricho.

– Capricho? Será somente capricho essa febre súbita de trabalhar que te acometeu?

– Então que mais há-de ser?

Jenny esteve algum tempo calada, sem desviar os olhos do irmão.

– Tens razão. Será capricho. É decerto; mas talvez não tão inocente e sem importância como o queres fazer.

– Aí está que também tu és inconsequente, Jenny.

– Porquê?

– Ralhavas-me, há dias, por o meu desapego aos negócios do escritório; agora vejo-te com vontade de me ralhares pela minha aplicação.

– Se não houvesse nela uma intenção, de que eu desconfio!

– Uma intenção?…

Jenny mudou de tom.

– Deixas-me fazer-te uma pergunta?

– Diz.





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