Uma Família Inglesa - Cap. 22: XXII - Educação comercial Pág. 268 / 432

– Aonde vais tu agora?

Carlos perturbou-se ao responder:

– A casa de Manuel Quintino.

– Ah!…

– Bem vês que o pobre homem está doente…

– Soube agora que passou bem a tarde. Mandámos lá perguntar. Por isso, se te custa a visita…

– Mas… prometi…

– Ah!… Prometeste!…

– Olha, Jenny. Digo-te a verdade. Para tranquilizar o bom homem, que não podia resignar-se a deixar o escritório ao desamparo, prometi-lhe encarregar-me do serviço. Mas bem sabes, ou deves supor, até onde chegam os meus conhecimentos comerciais. Para tornar efectiva a promessa, careço de informações, que só Manuel Quintino me pode dar, por isso…

– E não receias que, doente como está, lhe faça mal a aplicação do espírito a que o vais obrigar?

– São certas dúvidas apenas.

– E se as expusesses antes ao pai?

Na fronte de Carlos desenhou-se uma ligeira ruga de impaciência.

Jenny, com ar de tristeza, acrescentou, suspirando:

– Bem vejo, Charles, que esqueceste a palavra que me tinhas dado.

– Não te entendo.

– Entendes, entendes. Diz-me, se eu te pedisse que não fosses hoje a casa de Manuel Quintino?…

– Tinha que ver Jenny com caprichos, exactamente como outra qualquer mulher! Não nasceste para essas fraquezas femininas, minha boa, minha sisuda irmã.

E pegando, a rir, nas mãos de Jenny, levou-as aos lábios e partiu apressado para não a escutar de novo.

Jenny viu-o sair, e uma dolorosa expressão gravou-se-lhe no semblante.

– Já não está na minha mão valer-lhe! – disse ela com amargura. – Como findará isto, meu Deus!

Foi muito desagradavelmente surpreendido nessa noite o Sr. José Fortunato, ao encontrar Carlos Whitestone em casa de Manuel Quintino. Descobriu ele nisto indícios de grandes transtornos nos seus uniformes hábitos de vida.

A primeira notícia do facto recebeu-a de Antónia, que não via também com olhos favoráveis aquela intrusão.





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