– Aonde vais tu agora?
Carlos perturbou-se ao responder:
– A casa de Manuel Quintino.
– Ah!…
– Bem vês que o pobre homem está doente…
– Soube agora que passou bem a tarde. Mandámos lá perguntar. Por isso, se te custa a visita…
– Mas… prometi…
– Ah!… Prometeste!…
– Olha, Jenny. Digo-te a verdade. Para tranquilizar o bom homem, que não podia resignar-se a deixar o escritório ao desamparo, prometi-lhe encarregar-me do serviço. Mas bem sabes, ou deves supor, até onde chegam os meus conhecimentos comerciais. Para tornar efectiva a promessa, careço de informações, que só Manuel Quintino me pode dar, por isso…
– E não receias que, doente como está, lhe faça mal a aplicação do espírito a que o vais obrigar?
– São certas dúvidas apenas.
– E se as expusesses antes ao pai?
Na fronte de Carlos desenhou-se uma ligeira ruga de impaciência.
Jenny, com ar de tristeza, acrescentou, suspirando:
– Bem vejo, Charles, que esqueceste a palavra que me tinhas dado.
– Não te entendo.
– Entendes, entendes. Diz-me, se eu te pedisse que não fosses hoje a casa de Manuel Quintino?…
– Tinha que ver Jenny com caprichos, exactamente como outra qualquer mulher! Não nasceste para essas fraquezas femininas, minha boa, minha sisuda irmã.
E pegando, a rir, nas mãos de Jenny, levou-as aos lábios e partiu apressado para não a escutar de novo.
Jenny viu-o sair, e uma dolorosa expressão gravou-se-lhe no semblante.
– Já não está na minha mão valer-lhe! – disse ela com amargura. – Como findará isto, meu Deus!
Foi muito desagradavelmente surpreendido nessa noite o Sr. José Fortunato, ao encontrar Carlos Whitestone em casa de Manuel Quintino. Descobriu ele nisto indícios de grandes transtornos nos seus uniformes hábitos de vida.
A primeira notícia do facto recebeu-a de Antónia, que não via também com olhos favoráveis aquela intrusão.