Uma Família Inglesa - Cap. 35: XXXVI - A defesa da irmã Pág. 404 / 432

– Como?

– Recordo-me de que não há muitos dias o pai me falou de um negócio comercial, em que esteve para tomar parte a casa Whitestone, o que não fez por instâncias de Manuel Quintino, instâncias que a salvaram de um abalo, talvez fatal para ela. Não foi assim?

– Foi. O homem mostrou dessa vez um tino comercial!…

– A quantas pessoas falou já desse serviço do seu guarda-livros?

– Que eu saiba a nenhuma. Certas tentativas, por felicidade frustradas, não é muito conveniente revelá-las, pois podem abalar a confiança na prudência da casa…

– Pois, se me permite dar-lhe um conselho, deixe que se faça desta vez excepção à regra. Durante esta semana, eu, se estivesse no seu lugar, falaria a toda a gente naquilo. O nome de Manuel Quintino havia de andar, nestes oito dias, nos ouvidos de todos. Toda a Praça havia de ficar ciente dos seus prestantes serviços… e depois que haveria que estranhar quando se enviasse ao pai de Cecília este documento, em cujas dobras vai a felicidade de duas pessoas?

– E julgas tu que a gratidão é facto mais natural para o mundo do que a iniciativa no benefício? Se subtraíres da explicação o elemento «interesse», o facto será incompreensível!

– Nesse caso é deixar ao mesmo tempo suspeitar que Manuel Quintino tem conseguido acumular riquezas, e que da nossa parte…

Mr. Richard sorriu.

– Mais aceitável será o facto à opinião, ainda que… É uma trabalhosa semana a que me destinas! Não recuso, porém, a tarefa; veremos o que é possível fazer. Mas o meu egoísmo não me consente ver-te assim desocupada, enquanto eu trabalho.

– Então em que tenho a ocupar-me?

– Na justificação de teu irmão. O meu assentimento aos teus últimos projectos, Jenny, fica dependente dessa condição. Enquanto não me convenceres de que foi nobre o motivo que levou Charles a vender aquele relógio, não esperes de mim…

– Mas Charles insiste em ocultar-mo.





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