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Capítulo 35: XXXVI - A defesa da irmã

Página 403
A aliança de Charles com a filha de Manuel Quintino, tendo por explicação somente o afecto dos dois, seria estranha e incompreensível; mas se Manuel Quintino, em vez de ser guarda-livros, fosse um sócio da casa…

Mr. Richard, ouvindo estas palavras, desviou para a filha o olhar. Viu-a distraída, examinando, com aparências de atenção, um pesa-papéis de cristal.

Mr. Richard teve uma lembrança.

Aproximou-se da secretária, e, tomando uma folha de papel, escreveu nela algumas linhas.

Jenny sorria, como se estivesse de longe lendo tudo o que o pai se pusera a escrever.

No fim o inglês releu com atenção o que havia escrito; dobrou cuidadosamente o papel e, entregando-o à filha, disse com rapidez, como se receasse que a resolução que abraçara lhe fugisse ainda:

– Aí tens. Entrega isso a Manuel Quintino. É uma memória dos teus vinte e dois anos.

Jenny, que astuciosamente deixara ao pai o prazer e a glória da boa ideia, cuja insinuação viera dela, suspeitou logo qual a natureza do escrito e disse com efusão:

– Agora sim! Torno a reconhecer o seu coração generoso.

– Então já sabes o que isso contém?

– Adivinho-o sem o ler. Atendendo aos antigos serviços prestados por Manuel Quintino à casa Whitestone, meu pai associa-o de hoje em diante ao negócio e à sua firma. Não é verdade?

– Quase por formais palavras – respondeu Mr. Richard, passando amigavelmente a mão por as faces da filha.

– Que mais ordena, miss Jenny? – perguntou jovialmente o inglês.

– Peço mais uma coisa.

– Diz.

– Peço para não fazer desde já uso deste papel.

– Então?

– Esse facto, que serve para preparar a opinião pública para o outro… não é verdade?

– Eu não prometi ainda…

– Este facto – continuou Jenny, fingindo que não ouvia resposta

– causaria ainda estranheza, se não fosse preparado também com antecedências.

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pág. 403 (Capítulo 35)

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Capa do livro Uma Família Inglesa
Páginas: 432
Página atual: 403

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Espécie de prólogo, em que se faz uma apresentação ao leitor 1
II - Mais duas apresentações, e acaba o prólogo 11
III - Na Águia de Ouro 21
IV - Um anjo familiar 42
V - Uma manhã de Mr. Richard 53
VI - Ao despertar de Carlos 61
VII - Revista da noite 71
VIII - Na praça 81
IX - No escritório 94
X – Jenny 110
XI – Cecília 119
XII - Outro depoimento 128
XIII - Vida portuense 139
XIV - Iminências de crise 159
XV - Vida inglesa 168
XVI - No teatro 182
XVII - Contas de Carlos com a consciência 197
XVIII - Contas de Jenny com a consciência de Carlos 212
XIX - Agravam-se os sintomas 222
XX - Manuel Quintino procura distracções 236
XXI - O que vale uma resolução 247
XXII - Educação comercial 262
XXIII - Diplomacia do coração 277
XXIV - Em que a senhora Antónia procura encher-se de razão 283
XXV - Tempestade doméstica 290
XXVI - Ineficaz mediação de Jenny 298
XXVII - O motivo mais forte 305
XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto 312
XXIX - Os amigos de Carlos 326
XXX - Peso que pode ter uma leviandade 344
XXXI - O que se passava em casa de Manuel Quintino 353
XXXII - Os convivas de Mr. Richard 362
XXXIII - Em honra de Jenny 371
XXXIV - Manuel Quintino alucinado 381
XXXVI - A defesa da irmã 397
XXXVII - Como se educa a opinião pública 406
XXXVIII - Justificação de Carlos 412
XXXIX - Coroa-se a obra 422
Conclusão 432