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Capítulo 21: XXI - Morre Hermenegildo

Página 119
XXI - Morre Hermenegildo

Esta é de cabo de esquadra! - dizia ele, horas depois, aos amigos que o confortavam. - E quem deu direito a minha mulher de emprestar sem minha ordem 1.650$000 réis ao irmão da costureira? Que me importa a mim que ele fosse boa pessoa ou que fosse um pandilha sem beira nem leira?

- Você tem razão - dizia-lhe um primo carnal de Atanásio. - Lá pr’ó caso de sua mulher andar mal, andou; e, se era honrada, não o parecia. Por exemplo: eu vou em casa da mulher dum sujeito, e peço-lhe dinheiro. Ela mo empresta, e se esconde do marido; que hei de dizer eu? Sim, tem razão você de não dar a orelha, Sr. Fialho.

Estas cláusulas pareceram irrespondíveis ao doente. E, de feito, a natureza tinha esclarecido esta família dos Atanásios com grandes lumes de razão natural.

Por feição que Hermenegildo ratificou não só os seus anteriores juízos sobre os irregulares costumes de Ângela, mas também entrou-se da desconfiança de ter apanhado, quando menos o esperava, o amante dela. Quer-nos parecer que aquela perversíssima alma raciocinasse atuada por influências de fígado e outras entranhas que principiavam a ingurgitar-se.

O restante do dia passou-o pouco febril, e por isso mesmo com certa energia de espírito que destampava em esfuziadas de protérvias contra a esposa, sem ressalvar a probidade do cirurgião.

De noite exasperaram-se-lhe as dores hepáticas, as aflições do estômago, a dispneia, e o queimar de febre. Ao romper do dia, pediu a brados que lhe chamassem o doutor Costa.

Informou-se Francisco com o portador sobre o estado do doente, e despediu-o.

Daí a pouco, outro notável médico enviado por Francisco Costa, desculpando o colega, oferecia os seus serviços.

A doença progrediu sem intermitências de repouso nos cinco dias seguintes.

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pág. 119 (Capítulo 21)

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Capa do livro Os Brilhantes do Brasileiro
Páginas: 174
Página atual: 119

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Aflições sudoríferas 1
II - 1.600$000 Réis! 5
III - Retratos do natural 12
IV - Tribunal de honra 15
V - Considerações plásticas 20
VI - Amigos do seu amigo 26
VII - Revelações cómicas 32
VIII - Revelações tristes 36
IX - Amores fatais 41
X - O Poeta 48
XI - Sonhos e esperanças 55
XII - A Fuga 59
XIII – Desamparo 63
XIV - Via dolorosa 68
XV - Meio milhão! 76
XVI - Por causa do Fígaro 85
XVII - História dos brilhantes 90
XVIII - A Infamada 100
XIX - Amor-próprio 106
XX - O Doente e o doutor 110
XXI - Morre Hermenegildo 119
XXII - Felicidade suprema 123
XXIII - Os homens honestos 132
XXIV - A Opinião pública 135
XXV - O Cego 141
XXVI - A Providência 145
XXVII - Vem rompendo a luz 149
XXVIII - Confidências do cego 154
XXIX - Luz! 162
XXX – Finalmente 168
Conclusão 172
Epílogo 174