Uma Família Inglesa - Cap. 10: X – Jenny Pág. 117 / 432

Era triste a imagem desta vez!

Triste porquê?

Se os lábios da irmã de Carlos traíssem naquele momento as ideias que tão profundamente a absorviam, eles falariam deste modo:

– Pobre mãe! Porque venho encontrar-te assim triste? Não passaria ainda a nuvem desta manhã?… Mas era tão ligeira!… tão leve! que a mim mesma me inquietou pouco. Que adivinhas tu, boa mãe? – Isto pensava, ao beijar o retrato. – Alegra-te; Carlos deve estar agora no escritório; pobre Carlos! É tão bondoso aquele coração! Como ele havia de amar-te, como havia de acariciar-te, mãe, se ainda vivesses connosco! Poucos o conhecem bem. Mas porque estás ainda triste? Hás-de ver como voltarão amigos. É fácil reconciliar aqueles corações, que afinal tanto se estremecem! Uma ou outra nuvem, que passe entre ambos, gera-a o mesmo excesso de amor. Parece-me que ia a dizer como tudo se passou. A vista de Carlos foi bastante para dissipar todo aquele ressentimento… ressentimento próprio de quem muito estima!… Então! Já não tens confiança na tua filha? Bem vês como todos aqui me querem. Eles decerto vêem em mim alguma coisa do teu espírito, mãe, para serem assim tão dóceis com uma pobre rapariga. É à tua alma, à tua alma, que me acompanha, que eles obedecem afinal. Continua a meu lado, mãe, e eu serei forte; não me abandones, e verás que não há fundamentos para apreensões. E ainda triste! – E beijava o retrato. – E ainda… e ainda… e ainda!… – Beijava-o repetidas vezes.

Depois tentava a razão dissipar aquelas piedosas ilusões.

– Estou louca! – pensava então Jenny. – Pois como pode um retrato…

Aproximava-se mais da luz.

As ilusões voltavam outra vez, como volta o enxame das abelhas que o vento afasta das flores.

– Não sei, não sei como isto é, não posso saber…





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