Uma Família Inglesa - Cap. 18: XVIII - Contas de Jenny com a consciência de Carlos Pág. 220 / 432

Jenny, lembre-se de mim e peça a Deus que me conceda a bondade de coração e a serenidade de espírito da menina, pois, com este meu génio e cabeça, duvido da felicidade da vida. Adeus.

Sua amiga,

Cecília.»

– Ah! Também ela! – murmurou Jenny, ao terminar a leitura; e ficou mais pensativa do que antes, e uma pequena ruga desenhou-se na fronte.

O desalento que parecia descobrir-se através das expressões daquela pequena carta, que em vão Cecília tentara tornar jovial, justificava a ligeira nuvem que viera assombrar a fronte, habitualmente serena, da bondosa Jenny; habituada como estava às alegrias sem motivo, à despreocupação da sua amiga, tantas vezes reveladas em cartas e em conversas anteriores, estranhava com razão estes indícios de tristeza.

Além disso, o que na véspera ouvira a Manuel Quintino sobre as mudanças súbitas da filha, não lhe tinha ainda esquecido.

Era no que pensava, quando Carlos a procurou no quarto; e foi essa a causa principal da apreensão, exagerada talvez, com que soube da visita feita pelo irmão a Cecília, e da antecipação com que previra o futuro desta, tão estreitamente ligado ao procedimento de Carlos.

O estado de Carlos também não satisfazia. A segurança que, diante dele, afectara, ela própria a não sentia. Inquietava-a o acontecido, sem saber bem porquê. A seu pesar, já nenhum outro pensamento a distraía daquele.

Para tranquilizar-se, tratava de convencer-se de que eram infundados os receios. Recordava todas as passageiras inclinações que conhecera no irmão e que tão depressa, e sem consequências más para ninguém, vira desvanecer; esforçava-se em explicar de mil maneiras a inquietação de Cecília, com exclusão daquela que, não obstante, uma voz interior teimava em repetir-lhe.

De pensamento em pensamento, foi levada àquelas disposições de espírito, nas quais se aprazia em contemplar as feições amadas da mãe, a sua conselheira de além-túmulo.





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