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Capítulo 18: XVIII - Contas de Jenny com a consciência de Carlos

Página 219

– Então já é paixão? – disse Jenny, com olhar malicioso, e pegando outra vez na costura em que trabalhava. – Uma paixão de dois dias! Como cresceu depressa! Vamos, Charles; não sejas criança. Contento-me com que interrogues desapaixonado a tua consciência, e o que ela te disser…

– Ai, não te fies muito na minha consciência, Jenny. Não vês como ela me aconselha?

Jenny fez um gesto de incredulidade, olhando para o irmão.

– Ela? Então foi deveras a consciência que te aconselhou a visita a Cecília? Fala com franqueza.

Carlos não pôde insistir.

Continuou passeando com os olhos fitos no chão.

Afinal parou, e, olhando para a imagem da irmã, que do espelho o fitava, disse, com modo sacudido:

– Vou tentar obedecer-te, Jenny; mas receio…

– Não me fales em receios. Sem fé nada se alcança, incrédulo. Coragem! Ainda há pouco te gabavas de a possuir para as lutas.

– Adeus, Jenny. O que te posso dizer é que se puder desvanecer em mim esta impressão que me causou Cecília… – bem vês que estou falando agora com franqueza – não recearei nunca mais pelo meu coração.

– Recordo-me de já teres dito uma coisa assim… de outra vez.

Carlos ia a responder, mas, como se procurasse fugir a uma conversa que o mortificava, saiu com precipitação do quarto.

Jenny viu-o sair e ficou pensativa.

Momentos depois, entrou Elisa com uma carta.

– De quem vem isso? – perguntou Jenny.

– De casa do Sr. Manuel Quintino.

Jenny conheceu a letra de Cecília. Abriu a carta e leu:

«Minha boa Jenny.

«Contra o que lhe tinha prometido, não me é possível hoje visitá-la. Não me sinto boa e receio ter de me conservar em casa por alguns dias. Meu pai mostra-se inquieto pela minha saúde e, ainda que não seja senão para o tranquilizar, preciso de privar-me do prazer de a ver.

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pág. 219 (Capítulo 18)

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Capa do livro Uma Família Inglesa
Páginas: 432
Página atual: 219

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Espécie de prólogo, em que se faz uma apresentação ao leitor 1
II - Mais duas apresentações, e acaba o prólogo 11
III - Na Águia de Ouro 21
IV - Um anjo familiar 42
V - Uma manhã de Mr. Richard 53
VI - Ao despertar de Carlos 61
VII - Revista da noite 71
VIII - Na praça 81
IX - No escritório 94
X – Jenny 110
XI – Cecília 119
XII - Outro depoimento 128
XIII - Vida portuense 139
XIV - Iminências de crise 159
XV - Vida inglesa 168
XVI - No teatro 182
XVII - Contas de Carlos com a consciência 197
XVIII - Contas de Jenny com a consciência de Carlos 212
XIX - Agravam-se os sintomas 222
XX - Manuel Quintino procura distracções 236
XXI - O que vale uma resolução 247
XXII - Educação comercial 262
XXIII - Diplomacia do coração 277
XXIV - Em que a senhora Antónia procura encher-se de razão 283
XXV - Tempestade doméstica 290
XXVI - Ineficaz mediação de Jenny 298
XXVII - O motivo mais forte 305
XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto 312
XXIX - Os amigos de Carlos 326
XXX - Peso que pode ter uma leviandade 344
XXXI - O que se passava em casa de Manuel Quintino 353
XXXII - Os convivas de Mr. Richard 362
XXXIII - Em honra de Jenny 371
XXXIV - Manuel Quintino alucinado 381
XXXVI - A defesa da irmã 397
XXXVII - Como se educa a opinião pública 406
XXXVIII - Justificação de Carlos 412
XXXIX - Coroa-se a obra 422
Conclusão 432