Uma Família Inglesa - Cap. 33: XXXIII - Em honra de Jenny Pág. 379 / 432

Eu creio que nem a filosofia e o landwehr da Alemanha; nem o knout e sombria política da Rússia; nem os fuzilamentos e o militarismo da Espanha; nem os meetings e os fenians da Inglaterra; nem o sufrágio universal e a febre napoleónica da França têm conseguido tornar as respectivas nações mais avessas ao canto do que a nossa. Com o nosso céu, com a nossa vegetação, com os nossos vinhos e com a nossa língua e com tão pouca disposição para nos ocuparmos de coisas sérias – e nesse particular nenhum povo nos leva a palma – esta quase aversão que temos ao canto denota uma índole essencialmente sisuda e pouco de gente do meio-dia.

Em qualquer jantar nacional, qual seria o conviva que teria coragem para imitar Mr. Brains, satisfazendo ao pedido do seu anfitrião e dispondo-se a cantar?

E, se algum houvesse, com que olhos de escandalizados o não encarariam os outros?

Ninguém há mais pusilânime diante do ridículo do que o português; ninguém que mais corajosamente o encare de face do que o cidadão britânico. Ora o ridículo imita os costumes insidiosos de certos cães, que mordem as pessoas que lhes fogem, e recuam diante de quem os espera a pé firme.

O que é verdade é que Mr. Brains, vergando-se sobre as costas da cadeira, com as pernas estendidas, os olhos meio fechados, a mão pousada sobre o corpo, principiou a cantar com voz de impossível classificação, em timbre nasal, e em música inglesmente monótona, uma canção de Sharpe feita para ocasiões como esta.

O sentido era pouco mais ou menos este:

Vá! sem medo enchei os copos

De vinho, cor de rubim;

Levem-no aos lábios as damas;

Consagrá-lo-ão assim.

No peito o vinho alimenta

Da amizade o almo calor,

E o engenho dele regado,

Ascende em voo maior.

Enchei os copos, fiai-vos

Nesta bebida de reis

Contanto que…

Estava escrito que os dotes vocais e os talentos artísticos de Mr.





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