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Capítulo 33: XXXIII - Em honra de Jenny

Página 378

Jenny levantou-se. Era tempo de deixar sós os convivas. Ia soar para eles a hora da liberdade.

Carlos viu com inveja o movimento da irmã. Não a poder imitar! Ficou, porém.

A desaparecer atrás do reposteiro da sala a última dobra do vestido branco de Jenny e uma transformação completa a operar-se na cena.

Mr. Brains passou a perna por cima do braço da cadeira e deixou-se escorregar até ficar com a cabeça à altura da mesa. Mr. Morlays estendeu os cotovelos por esta adiante, meteu a cabeça entre as mãos, posição na qual as faces lhe tomaram um jeito de caricatura iminentemente cómica; Mr. Richard, esse, fez balançar a cadeira sobre os dois pés posteriores.

Acenderam-se charutos, cobriu-se de fumo a atmosfera da sala, encheram-se e despejaram-se copos sobre copos.

Os criados retiraram-se discretamente.

– Uma canção, Mr. Brains – disse Mr. Richard Whitestone.

– Mr. Morlays que cante – respondeu aquele.

– Ho! Mr. Morlays! Seria capaz de nos cantar um dies illa – notou Mr. Richard, rindo.

Mr. Morlays fez uma careta, com pretensões a sorriso.

– As digestões costumam reconciliar Mr. Morlays com a humanidade – dizia Mr. Brains.

– As feras saciadas são menos terríveis – acrescentou Mr. Richard jovialmente e batendo com familiaridade no ombro do seu amigo Morlays.

Este tornou a sorrir, a seu modo.

– Vamos à canção! – insistiu Richard, voltando-se para Mr. Brains. – Vamos à canção.

– Mas a presença aqui do amigo Morlays faz recear que suceda como no brinde de Lucrécia. Lembra-se? Se nos saía vinho de Siracusa?

Depois dos risos concedidos à reflexão de Mr. Brains, este dispôs-se a cantar.

Nós, os portugueses, que mais do que uma vez alcunhamos de sorumbáticos e melancólicos os nossos aliados bretões, somos talvez na Europa o povo mais sisudo e grave dos tempos modernos.

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Capa do livro Uma Família Inglesa
Páginas: 432
Página atual: 378

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Espécie de prólogo, em que se faz uma apresentação ao leitor 1
II - Mais duas apresentações, e acaba o prólogo 11
III - Na Águia de Ouro 21
IV - Um anjo familiar 42
V - Uma manhã de Mr. Richard 53
VI - Ao despertar de Carlos 61
VII - Revista da noite 71
VIII - Na praça 81
IX - No escritório 94
X – Jenny 110
XI – Cecília 119
XII - Outro depoimento 128
XIII - Vida portuense 139
XIV - Iminências de crise 159
XV - Vida inglesa 168
XVI - No teatro 182
XVII - Contas de Carlos com a consciência 197
XVIII - Contas de Jenny com a consciência de Carlos 212
XIX - Agravam-se os sintomas 222
XX - Manuel Quintino procura distracções 236
XXI - O que vale uma resolução 247
XXII - Educação comercial 262
XXIII - Diplomacia do coração 277
XXIV - Em que a senhora Antónia procura encher-se de razão 283
XXV - Tempestade doméstica 290
XXVI - Ineficaz mediação de Jenny 298
XXVII - O motivo mais forte 305
XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto 312
XXIX - Os amigos de Carlos 326
XXX - Peso que pode ter uma leviandade 344
XXXI - O que se passava em casa de Manuel Quintino 353
XXXII - Os convivas de Mr. Richard 362
XXXIII - Em honra de Jenny 371
XXXIV - Manuel Quintino alucinado 381
XXXVI - A defesa da irmã 397
XXXVII - Como se educa a opinião pública 406
XXXVIII - Justificação de Carlos 412
XXXIX - Coroa-se a obra 422
Conclusão 432