Uma Família Inglesa - Cap. 34: XXXIV - Manuel Quintino alucinado Pág. 395 / 432

Carlos elevou para o pai o olhar interrogador.

Mr. Richard guardou, por instantes, silêncio; depois acrescentou:

– Dentro de oito dias sai um vapor para Londres…

– Mas…

Mr. Richard fingiu não ouvir a interrupção, e continuou:

– Há muito que se faz necessária uma entrevista pessoal com Mr. Woodfall Hope, porque…

– Não sei se me será possível obedecer-lhe, senhor.

Mr. Whitestone voltou-se com vivacidade para o filho e, visivelmente irritado, disse:

– Espero que não cometa a baixeza de querer demorar-se aqui, depois do que se passou. Não me faça envergonhar de o ter por filho.

Carlos desacostumara-se a arrostar por muito tempo com a severidade do pai. Sentia-se incapaz de reagir diante daquele olhar. Baixou a cabeça e calou-se.

Mr. Richard acrescentou instantes depois, em voz ainda severa, porém já menos ríspida:

– Pode retirar-se e faça por ser homem de bem. Há erros que deixam vestígios que nunca se apagam mais. Respeite as famílias, porque o contrário é desonrar a sua. Se se lembrasse de que tinha uma irmã…

Neste ponto ouviu-se rumor à porta do quarto.

– Que temos? – perguntou Mr. Richard, impaciente. Era um criado que vinha de mando de Jenny perguntar se Mr. Richard a podia receber.

Mr. Richard fez um sinal afirmativo e voltando-se para Carlos:

– Saia. Sua irmã precisa falar-me.

Carlos curvou a cabeça e saiu sem dizer palavra. Era ainda o réu que deixava o juiz, não o filho que se despedia do pai.

Carlos encontrou-se com a irmã na sala contígua. Ela estendeu-lhe a mão, dizendo:

– Vês, Charles, vês o resultado das tuas loucuras?

– Loucuras, Jenny! Pois ainda lhes chamas assim?

– Principio a ter vontade de lhe dar outro nome, principio; e é por isso que venho aqui.

– Que vens fazer?

– Advogar a causa de uma má cabeça, em atenção a um pobre coração, que não tem culpa nenhuma em andar unido àquela estouvada.





Os capítulos deste livro