Uma Família Inglesa - Cap. 35: XXXVI - A defesa da irmã Pág. 403 / 432

A aliança de Charles com a filha de Manuel Quintino, tendo por explicação somente o afecto dos dois, seria estranha e incompreensível; mas se Manuel Quintino, em vez de ser guarda-livros, fosse um sócio da casa…

Mr. Richard, ouvindo estas palavras, desviou para a filha o olhar. Viu-a distraída, examinando, com aparências de atenção, um pesa-papéis de cristal.

Mr. Richard teve uma lembrança.

Aproximou-se da secretária, e, tomando uma folha de papel, escreveu nela algumas linhas.

Jenny sorria, como se estivesse de longe lendo tudo o que o pai se pusera a escrever.

No fim o inglês releu com atenção o que havia escrito; dobrou cuidadosamente o papel e, entregando-o à filha, disse com rapidez, como se receasse que a resolução que abraçara lhe fugisse ainda:

– Aí tens. Entrega isso a Manuel Quintino. É uma memória dos teus vinte e dois anos.

Jenny, que astuciosamente deixara ao pai o prazer e a glória da boa ideia, cuja insinuação viera dela, suspeitou logo qual a natureza do escrito e disse com efusão:

– Agora sim! Torno a reconhecer o seu coração generoso.

– Então já sabes o que isso contém?

– Adivinho-o sem o ler. Atendendo aos antigos serviços prestados por Manuel Quintino à casa Whitestone, meu pai associa-o de hoje em diante ao negócio e à sua firma. Não é verdade?

– Quase por formais palavras – respondeu Mr. Richard, passando amigavelmente a mão por as faces da filha.

– Que mais ordena, miss Jenny? – perguntou jovialmente o inglês.

– Peço mais uma coisa.

– Diz.

– Peço para não fazer desde já uso deste papel.

– Então?

– Esse facto, que serve para preparar a opinião pública para o outro… não é verdade?

– Eu não prometi ainda…

– Este facto – continuou Jenny, fingindo que não ouvia resposta

– causaria ainda estranheza, se não fosse preparado também com antecedências.





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