Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 30: XXX – Finalmente

Página 170
Eu, marido dela, defendo-a, perante seu pai, porque ninguém mais se erguerá contra o mundo que a calúnia. Eu, operário pobre, cirurgião nestas pobres montanhas, não encareço as virtudes da filha do fidalgo abastado: exalto-a, porque é ela a companheira da minha vida honrada, será sempre a graça divina que cobre do ouro da alegria estas paredes nuas, este desaconchego de regalos, isto que vossa excelência já vê com seus olhos. Não demorarei a explicação do processo um pouco estranho por que vossa excelência veio a encontrar Ângela, podendo desde que aqui entrou saber que era ela quem passava as noites à cabeceira de sua cama. Eu receei que o senhor conde desprezasse ainda sua filha quando entrou nesta casa. Conheci que felizmente me enganara; mas sobreveio o medo dos incidentes fatais da operação, quando grandes excitações morais implicam a placidez do curativo. Quis preparar o seu ânimo com delongas; preveni-lo de hora a hora para receber sua filha sem surpresa. Esta de ser ela a esposa do seu facultativo cuidei eu que seria grata a vossa excelência. Não será de vexame ao nobre conde que o marido de sua filha seja o cirurgião que teve a ventura de lhe abrir os olhos para que visse a criatura feliz que primeiro trilhou todas as vias dolorosas por onde pode ir a honra de uma mulher até ao calvário, em que o mundo costuma crucificá-las na ignomínia. Ela aí está, senhor conde, a sua filha Ângela. Ainda vossa excelência não viu ao lado dela a sua antiga criada que, desde os dois anos, a acompanhou, e lhe matou a fome com os cordões ganhados no serviço de seu pai e sua tia.

- És tu, Vitorina! - exclamou o conde. - Pois tu vives, mulher, e não abraças o teu amo!

- Não, que vossa excelência chamou-me velha, e fez rir as minhas amas, a zombar de mim!

E, dizendo, abraçou-se-lhe aos joelhos, e beijou-lhe as mãos, lavando-lhas de lágrimas.

<< Página Anterior

pág. 170 (Capítulo 30)

Página Seguinte >>

Capa do livro Os Brilhantes do Brasileiro
Páginas: 174
Página atual: 170

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Aflições sudoríferas 1
II - 1.600$000 Réis! 5
III - Retratos do natural 12
IV - Tribunal de honra 15
V - Considerações plásticas 20
VI - Amigos do seu amigo 26
VII - Revelações cómicas 32
VIII - Revelações tristes 36
IX - Amores fatais 41
X - O Poeta 48
XI - Sonhos e esperanças 55
XII - A Fuga 59
XIII – Desamparo 63
XIV - Via dolorosa 68
XV - Meio milhão! 76
XVI - Por causa do Fígaro 85
XVII - História dos brilhantes 90
XVIII - A Infamada 100
XIX - Amor-próprio 106
XX - O Doente e o doutor 110
XXI - Morre Hermenegildo 119
XXII - Felicidade suprema 123
XXIII - Os homens honestos 132
XXIV - A Opinião pública 135
XXV - O Cego 141
XXVI - A Providência 145
XXVII - Vem rompendo a luz 149
XXVIII - Confidências do cego 154
XXIX - Luz! 162
XXX – Finalmente 168
Conclusão 172
Epílogo 174