Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 14: XIV - Via dolorosa

Página 74
Que-lo mais doido ao pobrezinho do velho?

- Respeite-se a sua dor, embora seja um desatino - disse Ângela. - Então ele amou muito essa mulher?

- Lá isso muito. Ela morreu de aflição, quando o viu ferido em Amarante.

- Já sabia isso. Era uma sublime alma! Conheceu-a?

- Se conheci! Andava ela com o rebanho das ovelhas, quando eu era rapazola de quinze anos. Era muito linda, isso era!

- E de minha mãe, lembra-se?

- Da senhora D. Maria d’Antas?... pois não lembro! Isso foi ontem! Fui criado dela dez anos... como hei de eu não me lembrar?

- A Vitorina diz que era muito formosa...

- Era vossa excelência sem tirar nem pôr. Estou a vê-la. Só era um poucachinho mais alta e corada.

- Lembra-se se ela era muito minha amiga?

- Parece-me que sim...

- Por quê?

- Foi ela quem a criou: não quis ama, como todas as mães que tem de seu.

- Lembra-se da morte dela?

João Pedro respondeu tardamente e tartamudo:

- Não me recordo bem... Eu estava então na quinta de Santo Amaro... Lá é que me chegou a notícia de ter morrido a fidalga... E, quando voltei, o Sr. Simão de Noronha já estava fora de Portugal...

- Mas o Sr. general não mandou buscar os ossos de minha mãe? - perguntou Ângela, chorando no sorriso.

O velho não respondeu.

- Vamos deitar, Vitorina. Até amanhã, Sr. João Pedro.

- Muito bem passe a noite, fidalga.

Ao alvorejar da manhã, Ângela, que velara a noite ao pé do leito de Vitorina, foi sentar-se à banca de seu pai, e escreveu uma breve carta, que sobrescritou ao general Simão de Noronha, pedindo-lhe que perdoasse ao seu criado a caridade de a ter recebido, e lhe ter dado uma cama por uma noite, e lhe haver ainda esmolado dinheiro com que ela e sua criada pudessem chegar a outra porta caritativa. Em seguida, chamou João Pedro ao escritório de seu pai, abriu o cofre das jóias, leu-lhe a declaração do general, e ajuntou:

- É quase certo que, por morte do Sr.

<< Página Anterior

pág. 74 (Capítulo 14)

Página Seguinte >>

Capa do livro Os Brilhantes do Brasileiro
Páginas: 174
Página atual: 74

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Aflições sudoríferas 1
II - 1.600$000 Réis! 5
III - Retratos do natural 12
IV - Tribunal de honra 15
V - Considerações plásticas 20
VI - Amigos do seu amigo 26
VII - Revelações cómicas 32
VIII - Revelações tristes 36
IX - Amores fatais 41
X - O Poeta 48
XI - Sonhos e esperanças 55
XII - A Fuga 59
XIII – Desamparo 63
XIV - Via dolorosa 68
XV - Meio milhão! 76
XVI - Por causa do Fígaro 85
XVII - História dos brilhantes 90
XVIII - A Infamada 100
XIX - Amor-próprio 106
XX - O Doente e o doutor 110
XXI - Morre Hermenegildo 119
XXII - Felicidade suprema 123
XXIII - Os homens honestos 132
XXIV - A Opinião pública 135
XXV - O Cego 141
XXVI - A Providência 145
XXVII - Vem rompendo a luz 149
XXVIII - Confidências do cego 154
XXIX - Luz! 162
XXX – Finalmente 168
Conclusão 172
Epílogo 174