Os Brilhantes do Brasileiro - Cap. 17: XVII - História dos brilhantes Pág. 97 / 174

E, dizendo, entregava a Joana os 250$000 réis em uma saquinha.

A irmã de Francisco hesitava em receber. Ângela lançou-lhe a saca ao regaço, e disse:

- Com esses modos não me deixa gozar todo o contentamento com que Deus me está compensando o martírio de quatro anos! Minha amiga, deixe-me inteiro este gozo, por quem é! Por alma de seu marido lhe rogo!

Lavada em lágrimas, Joana inclinou-se a querer beijar os pés da fidalga, que a estreitou com transporte ao coração.

- Vá que são horas - disse Ângela - guarde o dinheiro onde seu mano o não veja. Amanhã torne à mesma hora, que já hei de cá ter a carta. Fico muito alegre. Vou agradecer a Deus este raio de sol. Não me acha hoje mais bonita? Mais nova? Olhe o que faz a felicidade!... Há quatro anos à espera desta hora!... É hoje a primeira vez que vejo seu marido a sorrir para mim do outro mundo!... Não chore, que ele não quer. Vá, vá minha amiga...

Joana saiu enxugando as lágrimas, e entrou no primeiro templo que encontrou aberto a pedir ao Senhor que abençoasse a caridade da virtuosa Ângela.

Saiu-lhe bem logrado o plano à consolada senhora.

Francisco José da Costa leu a carta como assombrado dum caso de restituição em tempos de tanta filosofia alumiadora dos espíritos - quando para castigo de ladrões já não havia inferno, nem para glória de arrependidos céu. Contou o dinheiro, e disse à irmã:

- Agora, minha pobre Joana, cessa de trabalhar. Vai vivendo do que receberes, que eu para mim cá me arranjarei com os três tostões da escrivaninha.

- Isso acabou, Francisco. Deixaste de ser amanuense de tabelião.

- Estás doida com a tua felicidade dos 250$000 réis!...

- Olha, Francisco, - tornou ela - se este dinheiro e o que vier te não servir, para mim é inútil. Ou tu continuas os teus estudos, ou eu continuo a minha costura, esperando que um dia te resolvas a empregar o dinheiro.





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